Eduardo Bolsonaro: a entrevista exclusiva na íntegra

Eduardo Bolsonaro: a entrevista exclusiva na íntegra
De  Karoly Szilagyi e Antonio Oliveira E Silva
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Aqui fica a versão intregral da entrevista do presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara de Deputados à Euronews, em formato digital.

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Durante a sua passagem por Budapeste, Eduardo Bolsonaro, deputado brasileiro pelo Partido Social Liberal, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara de Deputados do Brasil e filho do presidente do Brasil, falou com a Euronews. A reportagem com declarações de Bolsonaro a um dos nossos colegas da redação húngara teve uma reação significativa nas redes sociais, pelo que decidimos publicar a totalidade da entrevista, realizada antes da visita do filho do presidente brasileiro a Itália.

Euronews: O senhor encontrou-se com o ministro Peter Szijjarto ( Negócios Estrangeiros/ Relações Exteriores) para falar sobre questões comerciais, económicas e culturais. Houve algum acordo ou foram só reuniões preliminares?

Eduardo Bolsonaro: Foram reuniões preliminares. Eu não tenho o poder de assinar acordos internacionais. Isso compete ao presidente Jair Bolsonaro e ao ministro de Relações Exteriores (Negócios Estrangeiros), Ernesto Araújo, mas certamente, após acordos internacionais serem assinados, sou eu, o presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional do Brasil, quem começa o processo de internalização desse acordo internacional. Então,a gente pode fazer com que isso ande mais rápido no Congresso Nacional e com que a gente veja, de maneira mais rápida também, os efeitos desses acordos. Tecnologia sobre a água, tecnologia militar, um intercâmbio que existe entre estudantes brasileiros em universidades aqui da Hungria e viceversa. São passos que você dá no sentido de ter relações mais próximas entre os países e que beneficiam os dois lados.

Euronews: Nesses dois temas em especial, na cooperação militar e na agricultura, foi também um encontro preparatório ou há algum passo em concreto em relação a essas áreas?

Eduardo Bolsonaro: Não, foram encontros preparatórios, não foi nada efetivo. Como eu disse, eu não tenho o poder da caneta para assinar, mas certamente, tudo aquilo que eu aprender aqui, posso explicar ao Governo brasileiro, para que, por exemplo, daqui a duas semanas, quando o ministro Ernesto Araújo vier aqui a Budapeste, um melhor censo, ou alguma coisa adiantada nesse sentido.

Euronews: Sabemos que depois se vai encontrar (em Itália) com o ministro Salvini. QWuais serão os temas a discutir?

Eduardo Bolsonaro: Infelizmente, o encontro terá lugar durante um feriado, o feriado de Páscoa, pelo que não é uma agenda oficial. É muito mais um encontro de cortesia, um primeiro passo. A gente sabe que existe muita convergência entre as ideias do presidente Jair Bolsonaro e do ministro Salvini. E, antes de me encontrar com o ministro Salvini, também encontrar uma das vítimas do terrorista Cesare Battisti, que ele deixou paralítico nos anos 70.

E como nós sabemos, Cesare Battisti foi condenado por quatro homicídios qualificados e foi extraditado para Itália, porque, quando Jair Bolsonaro foi eleito, Cesare Battisti fugiu do Brasil para a Bolívia e foi detido pela Interpol. Vou ter um encontro com o senhor Alberto Giorgiani, se não me engano no sobrenome (apelido) dele e certamente, com Salvini nós também falaremos dessa extradição de Battisti, sobre o cenário do lado oeste, ocidental da Europa, eleições europeias, enfim. Pegar um pouco na fonte sobre como andam as coisas na política europeia. Não só em relação ao parlamento, mas também em relação à imigração e em relação ao terrorista Cesare Battisti. E ver no que mais Brasil e Itália podem colaborar nas relações internacionais. Porque essa colaboração ficou estremecida depois do presidente Lula aceitou Cesare Battisti como um refugiado no Brasil. Ou seja, a Itália, que você não pode dizer que vive uma ditadura, mas o Brasil, de certa maneira, assim acabou reconhecendo a Itália. Então é uma reconstrução das relações internacionais e porque não também para colocar adiante pautas culturais. Porque você tem ir ao redor do mundo combatendo esse mal que é o marxismo cultural, que busca destruir os valoresfamiliares, os valores judaico-cristãos, os valores da filosofia grega e do direito romano.

Euronews: Durante a conferência de imprensa de ontem, disse que tinha vindo cá também para aprender como lidár como pessoas más e referiu George Soros. Gostaríamos de saber o que aprendeu sobre como lidar com essas pessoas?

Eduardo Bolsonaro: É que na verdade, hoje em dia, vivemos os tempos da guerra da informação. Não mais a guerra que vivemos noutros tempos, como o Vietnam ou na Coreia. Então, nesse sentido, pessoas como o George Soros, eles colocam o seu dinheiro em países, visando combater a cultura tradicional daquele país, com, por exemplo, pautas a favor do aborto, financiando a imprensa e colocando o dinheiro onde mais entenda pertinente, mesmo em campanhas de políticos. Então, para você combater isso, você tem de também utilizar a imprensa, fazer eventos culturais. Se for possível, se houver alguma pessoa com dinheiro suficiente, porque não abrir um meio de comunicação próprio?

Mas o principal é estar atento a essa pauta cultural, além de refutar as ideias de Geoge Soros, porque vão contra às ideias da maioria dos brasileiros. A maioria dos brasileiros é composta por cristãos, uma esmagadora maioria de católicos e uma boa parte também de evangélicos. E a gente não pode permitir que ele acabe com essa cultura milenar judaico-cristã sem fazer nada. Então a resposta que a gente pode dar é trabalhar as pautas culturais, indo para eventos universitários, comprando ou criando uma imprensa própria onde fale aquilo que você deseja e não fique editando seus vídeos ou promovendo fake news. Então, esse daí, acho que é o caminho. Porque a guerra é, como eu disse, de informação.

Euronews: E...

Eduardo Bolsonaro: Posso complementar essa pegunta?

Euronews: Sim.

Eduardo Bolsonaro: Esse também é um dos motivos de eu estar indo na Itália. Porque eu e Salvini fazemos parte de um grupo chamado The Mouvement, que nos Estados Unidos é representado por Steve Banon, o publicitário da campanha do presidente Trump. Porque a esquerda é muito bem articulada. Os socialistas são muito bem articulados. Aquilo que é postado no jornal Folha de São Paulo, no Brasil, é replicado no Le Monde, na França, no The Guardian, na Inglaterra, na CNN norte-americana. Então, nós temos também de fazer essas articulações internacionais para estar no mesmo nível dessa guerra cultural. Então, certamente, vai ser uma visita bem interessante para o Salvini. E credito que, provavelmente a gente vai falar sobre como combater essa guerra cultural e refutar pessoas pessoas como George Soros.

Euronews: Pode resumir a política externa do Brasil e as posições do Brasil a nível regional?

Eduardo Bolsonaro: Depois de décadas de Governos socialistas, temos agora um presidente que busca preservar a cultura e a tradição brasileiras, bem como mudar, na política internacional, a maneira como o Brasil faz negócios. Por exemplo, o Brasil financiou diversas obras em Cuba, na V enezuela, em alguns países africanos, na Nicarágua, mesmo sabendo que jamais receberia de volta o pagamento desses empréstimos. O que nós queremos é fazer uma cultura pró-mercado, onde ocorram menos intervenções estatais. Nós queremos reduzir o peso do Estado no Brasil através de um programa de privatizações e andar ao lado de países que nós acreditamos que são um exemplo, como os Estados Unidos, Israel, o Japão e a Hungria.

Euronews: Como disse que gostaria de reduzir o peso do Estado e que a prioridade é para a privatizaçãoquais poderiam ser os benefícios políticos e sociais relativamente a essa privatização.

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Eduardo Bolsonaro: É uma mudança total de mentalidade. Primeiro recado que nós damos é que o Govenro não tem mentes brilhantes que vão dizer ao povo o que fazer, mas sim o contrário. Como dizia Ronald Reagan, na sua doutrina "We the people." Se fizermos privatizações, conseguimos reduzir a folha de pagamento do Estado, teriamos mais dinheiro nos cofres públicos e, dessa maneira, poderiamos exigir menos impostos à sociedade, que teria mais liberdade para gastar o seu dinheiro. Afinal de contas, o dinheiro é do povo e não do Governo. E, além disso, fazendo esse tipo de política, nos impedimos que, amanhã caso um socialista retorne ao poder, tenha uma máquina grande para colocar os amigos e os apadrinhados políticos e para utilizar as empresas políticas não a favor do povo, mas sim a favor dos seus interesses.

Euronews: A partir de 1985, passou a haver eleições diretas para o presidente. Quais são os benefícios para o voto direto para um país?

Eduardo Bolsonaro: O voto direto é uma democracia mais efetiva, mais saudável, porque as pessoas são convidadas a participar do processo. Infelizmente, nem todas as pessoas dão valor ao voto, mas eu acredito que isso para por um processo de amadurecimento. Por exemplo, depois do impeachement (destituição) de Dilma Rousseff, em 2016, eu acredito que a sociedade brasileira tenha amadurecido e que tenha acompanhado, cada vez mais, a política. Porque conseguiu entender que a vida de todo o mundo, inegavelmente, passa pelo Congresso e passa pelas decisões do Presidente da República. Por isso, tivemos uma campanha presidencial, em 2018, mais calorosa, porque o povo estava mais participativo. E isso é um sinal de amadurecimento. Acredito que, no futuro, isso continue e que a sociedade brasileira participe, cada vez mais, nas eleições.

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