Campanha em defesa da memória das vítimas pede que as atenções mediáticas deixem de se focar no autor do atentado.
Milhares de pessoas saíram este domingo à rua em solidariedade com as famílias e os amigos das vítimas do ataque em Hanau, que fez nove mortos nesta cidade alemã na passada quarta-feira.
O atacante era um militante de extrema-direita, de 43 anos. No entanto, muitos reclamam mais atenção para as vítimas e apontam as culpas do ataque com motivações xenófobas ao partido AfD, Alternativa para a Alemanha.
Uma dessas vozes é a do advogado Mehmet Gurcan Daimaguler, que já esteve ao lado das vítimas no julgamento da célula terrorista de extrema-direita NSU (National Socialist Underground), em 2018, que terá sido responsável pela morte de 10 pessoas.
"A AfD não inventou o extremismo de direita, a xenofobia e o racismo. Mas pegou nisso e reforça-os todos os dias. E carregam essas ideias para o seio da sociedade. Isso está a moldar os nossos jovens", afirmou.
A fundação Amadeu Antonio, que combate o antissemitismo e o racismo, deu um passo em frente na homenagem das vítimas e divulgou num tweet os nomes das nove pessoas assassinadas. A iniciativa faz parte da campanha "Digam os seus nomes" ('Say their names'), que pretende tirar o foco mediático do atirador.
Velas, fotografias e muitas flores foram deixadas no local do duplo ataque que está a deixar o país em alerta. O governo alemão anunciou mesmo o reforço da vigilância em lugares mais sensíveis, como mesquitas ou aeroportos, e considerou a violência de extrema-direita como a principal ameaça no país.