Dezenas de milhares exigem afastamento de Netanyahu

Manifestação contra o primeiro-ministro em Jerusalém com sentido de humor
Manifestação contra o primeiro-ministro em Jerusalém com sentido de humor Direitos de autor AP Photo/Sebastian Scheiner
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De  Francisco Marques com AP, AFP
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Os organizadores estimam 50 mil pessoas no maior protesto dos últimos meses contra o primeiro-ministro interino de Israel, a três dias das eleições legislativa antecipadas

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Mais de 20 mil pessoas protestaram este sábado junto à casa do primeiro-ministro de Israel, em Jerusalém, exigindo o afastamento do líder do Likud e grande favorito a vencer as eleições legislativas de terça-feira.

Esta foi a maior manifestação dos últimos meses contra Benjamin Netanyahu, tornado primeiro-ministro interino desde a dissolução da coligação de Governo após a rejeição em dezembro do orçamento de Estado proposto, o que precipitou novas eleições marcadas para terça-feira, 23 de março.

O protesto desde sábado incluiu uma marcha desde o Knesset, o edifício do Parlamento em Jerusalém, até à rua Balfour, onde se situa a residência oficial do primeiro-ministro.

A estimativa de participação pelos organizadores desta manifestação anti-Netanyahu aponta para 40 a 50 mil pessoas presentes, bem acima dos números já referidos, avançados por diversos meios de comunicação locais.

O movimento exige a demissão de Benjamin Netanyahu e o afastamento das eleições de terça-feira devido à má gestão da Covid-19 no país e ao processo por corrupção que o ainda primeiro-ministro enfrenta em tribunal.

Campanha política

Na campanha política, o líder da oposição emitiu este sábado um comunicado a desafiar Netanyahu para um debate televisivo, mas o líder do Likud, o partido dominante (cetro-direita), recusou o frente-a-frente porque Yair Lapid, do Yesh Atid (centro), ainda não se assumiu como candidato rival na corrida a primeiro-ministro.

"O povo de Israel merece um debate. Merecem respostas. Eles precisam de saber que tipo de governo está a ser proposto", escreveu Lapid, acusando o agora primeiro-ministro interino de estar a preparar um executivo "retrógrado, racista e extorsionista" com uma forte tendência religiosa de direita que "afastará uma geração inteira e enterrará a democracia israelita".

Netanyahu respondeu, numa entrevista ao programa "Meet the Press" do Canal 12, um dos três principais na televisão israelita: "Porque é que ele [Yair Lapid] não assume: 'quero um debate porque estou a concorrer contra si para o cargo de primeiro-ministro?'"

AP Photo/Oded Balilty
Os maiores rivais políticos de Israel nos cartazes à direita (Netanyahu em baixo e Lapid em cima)AP Photo/Oded Balilty

"O nosso país não é um jogo para políticos ambiciosos", alegou o líder do Likud, colocado como favorito à reeleição nas sondagens divulgadas sexta-feira pelos canais 12 e 13, e confiante de que o plano de vacinação que engendrou, oferecendo Israel como laboratório de testes à vacina da Pfizer/BioNTech, o manterá à frente do Governo.

Lapid viria a reagir ainda no sábado, em conferência de imprensa, alegando que Netanyhau rejeita o debate "porque sabe qual seria o resultado".

"Durante três meses, ele [Netanyahu] colocou [a minha cara] em cartazes, fez vídeos a perguntar 'onde está Lapid?' e falou de mim constantemente. Ma quando eu lhe ofereço um debate, ele fica com medo e desaparece", afirmou o líder da oposição.

Os eleitores israelitas são chamados às urnas esta terça-feira e muitos mais poderão agora votar depois de o Supremo Tribunal de Israel ter decidido levantar o limite de cidadãos israelitas autorizados a entrar via aérea no país de 3.000 para 8.000 já a partir deste domingo, dia em que o aeroporto internacional Ben Gurion, situado entre Jerusalém e Telavive, prevê a partida ou chegada de cerca de 60 voos.

Progresso positivo na epidemia

A situação epidemiológica em Israel continua a progredir de forma positiva. Mais de 5,1 milhões já receberam pelo menos a primeira dose de uma das vacinas autorizadas em Israel e mais de 4,5 já têm as duas doses tomadas.

Este domingo, as autoridades de saúde anunciaram ter diagnosticado no sábado 285 novas infeções registadas num período de 24 horas, com a taxa de positivos a cair para 1,7% dos testes efetuados.

Dos 18.309 casos ativos no país, 561 são considerados graves.

Israel soma quase 830 mil casos confirmados de Covid-19 e 6.085 mortes no quadro da epidemia.

Outras fontes • Times of Israel, Haaretz, Jerusalem Post

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