Irlanda do Norte festeja 100 anos

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De  Ricardo FigueiraTadgh Enright
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Divisão da ilha data de 1921. Celebrações do centenário preveem-se discretas, para evitar a repetição de episódios de violência.

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A Irlanda do Norte faz 100 anos - Um centenário celebrado pelos unionistas, mas não pelos nacionalistas irlandeses. Foi em 1921 que foi ditada a divisão da ilha: "Quero celebrar a formação da Irlanda do Norte, a contribuição que este país tem dado ao mundo. Sim, tivemos os nossos problemas. Ninguém esconde esse facto, mas diga-me o nome de outro país democrático no mundo que não teve problemas. As pessoas dizem que vamos fazer parte de uma Irlanda unida dentro de 10 anos. Não acredito, mas é por isso que é importante que nos sentemos e trabalhemos juntos e façamos da Irlanda do Norte um país melhor do que aquele que é", diz Stephen Gough, líder comunitário protestante.

Festejos discretos

O confinamento está a ser levantado aqui e a vida está a voltar ao normal, o que deve abrir caminho a que haja celebrações do centenário, mas não estão planeados grandes eventos. As autoridades não querem reacender as tensões que houve recentemente, com motins desencadeados por causa do acordo comercial pós-Brexit.

Duncan Morrow, professor de ciência política na Universidade do Ulster, explica: "A verdade é que a violência não está longe da Irlanda do Norte. Penso que as pessoas não querem provocar os outros. Por outro lado, há quem se sinta provocado se não houver nada. "

As cicatrizes do conflito não se desvaneceram. Os chamados "muros da paz" mantêm as comunidades rivais separadas.

A Irlanda do Norte foi criada para manter a maioria pró-britânica dentro do Reino Unido, mas o equilíbrio de forças está a mudar: "Penso que não será o mesmo daqui a 100 anos. Os dados demográficos estão a mudar. A política está a mudar. Se é uma Irlanda unida ou se é outro tipo de enquadramento, não podemos imaginar, mas certamente parece que as coisas estão em movimento", diz Morrow.

Cicatrizes

Milhares de famílias pagaram um preço demasiado alto e perderam entes queridos com a violência. Há dois anos, a companheira de Sara Canning, a jornalista Lyra McKee, foi morta por terroristas nacionalistas irlandeses por causa de reportagens sobre motins na cidade de Derry: "Há muito pouco para celebrar sobre a Irlanda do Norte. Tem sido, desde o início, um Estado muito problemático. Com mais tempo, possivelmente, poderia mudar. O acordo de sexta-feira santa envelheceu e eu, pessoalmente, sinto que há espaço para melhorias. As pessoas continuam a dizer que não lhe querem tocar, mas penso que agora precisa de ser emendado para refletir com maior precisão a Irlanda do Norte. É uma paisagem completamente diferente do que era há 23 anos. Os moderados estão a tornar-se mais numerosos e esperemos que se façam mais ouvir. O maior problema aqui é que são as vozes mais extremas que são ouvidas".

O acordo pôs fim à maior parte da violência, mas não conseguiu ultrapassar a divisão que persiste.

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