Talibãs anunciam controlo do Panchir mas a resistência desmente

O vale do Panchir é o último reduto da resistência afegã, o único território do país que ainda não caiu nas mãos dos Talibãs. Esta segunda-feira, o grupo que agora controla o Afeganistão anunciou ter assumido controlo da região, congratulando-se pelo fim da guerra, mas as tropas fiéis ao anterior regime não demoraram a desmentir a derrota, assegurando que a luta contra os talibãs ainda não tinha terminado.
No resto do país, este fim de semana foi dado mais um passo rumo à normalidade com o regresso dos voos domésticos. Sair do país, por enquanto, continua uma miragem, até porque o departamento responsável pela emissão de passaportes ainda não está operacional.
Uma questão de tempo, dizem os talibãs, que garantem que "os sistemas estão todos ativos e quando os superiores derem luz verde, as pessoas poderão recolher os seus passaportes."
Já com um pé fora do Afeganistão está a Itália, que anunciou que a sua embaixada em Cabul seria transferida para Doha, no Catar, devido à falta de condições de segurança na capital afegã.
Apesar dos receios de um regresso ao passado, a realidade é que qualquer solução para o presente, e futuro, do país passa necessariamente pelos talibãs. Angela Merkel reconhece que terá de dialogar com os talibãs, uma vez que é com eles que é preciso falar para poder retirar do Afeganistão quem trabalhou para organizações alemãs e pode estar em perigo.
A mais de sete mil quilómetros de Cabul, em Paris, o medo dos talibãs também se fez sentir e centenas de pessoas juntaram-se em protesto contra a situação no Afeganistão, dizendo que "os talibãs nunca mudam".
No terreno, no entanto, há sinais de mudança e as Nações Unidas já prometeram continuar a assistência humanitária no país após uma reunião com os talibãs.