Começou o julgamento nazi com o réu mais velho

Réu chegou ao tribunal em dificuldade e escondendo a cara
Réu chegou ao tribunal em dificuldade e escondendo a cara Direitos de autor AP Photo/Markus Schreiber
Direitos de autor AP Photo/Markus Schreiber
De  Francisco Marques
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

Joseph Sheutz tem 100 anos, começou a trabalhar aos 21 como guarda no campo de concentração de Sechsenhausen e é acusado de cumplicidade na morte de mais de 3.500 pessoas

PUBLICIDADE

Começou o julgamento de Josephn Schuetz, um antigo guarda prisional nazi, acusado aos 100 anos de ter sido cúmplice no assassinato de 3.518 pessoas, por fuzilamento ou nas câmaras de gás, do campo de concentração de Sachsenhause, a norte de Berlim.

O réu, com 100 anos de idade, entrou apoiado num andarilho e com a cara tapada no tribunal improvisado no pavilhão desportivo de uma prisão de Brandemburgo no Havel, a ocidente da capital da Alemanha.

Schuetz começou a trabalhar na prisão com 21 anos e é acusado de ter ajudado, de forma consciente e voluntária, a matar milhares de prisioneiros entre 1942 e 1945. Muitos deles, antigos soldados soviéticos.

O suspeito fez saber através do advogado que não pretende falar em tribunal, o que frustrou muitos dos queixosos, incluindo sobreviventes também com 100 anos, que esperavam um reconhecimento de culpa e um eventual pedido de perdão.

É o caso do francês Antoine Grumbach, descendente de uma das vítimas do campo de Sachsenhausen, que no entanto lembra que havia mais gente a trabalhar para os nazis naquele campo de concentração.

"Não é apenas ele que é visado, mas todos aqueles incontáveis guardas dos campos. Comportaram-se de forma inaceitável e, digam o que disserem, foram cúmplices", sublinhou Grumbach.

Durante décadas, os nazis de baixa patente foram poupados pela justiça alemã, mas essa situação mudou há cerca de 10 anos com o julgamento e condenação de John Demjanjuk, nascido Ivan Mykolayovych Demyanyuk na antiga União Soviética e entretando naturalizado norte-americano, a cinco anos de prisão por cumplicidade com os nazis na morte de 28 mil pessoas.

O vice-presidente do Conselho Internacional Auschwitz, Christoph Heubner, explica-nos que "estes julgamentos, enquanto processos de justiça tardia, estão a decorrer agora porque o sistema judicial alemão negligenciou o julgamento de nazis durante décadas e não via interesse em perseguir os autores destes crimes."

Joseph Shuetz é o nazi mais velho a sentar-se num banco de réus. De acordo com a justiça alemã, há pelo menos mais oito casos similares a serem investigados.

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Homenagem às vítimas do Holocausto na Chéquia

Senado francês lembra vítimas do regime nazi na Ucrânia e aponta o dedo a Kiev

Austríaco deixa fortuna a município que o salvou dos nazis