Aumento polémico dos direitos de regadio em Doñana

O governo da Andaluzia aprovou a consideração de dois projetos de lei "para melhorar a organização das áreas irrigadas no município", no Parque Nacional de Doñana, na província espanhola de Huelva. A medida vai contra a legislação nacional e as diretrizes da União Europeia.
Bruxelas ameaçou Espanha com multas milionárias, caso a proposta seguisse em frente, mas nem isso foi suficiente para o recuo. O Ministro espanhol da Transição Ecológica pediu para se “desistir” de uma iniciativa “nociva” para o parque declarado Património da Humanidade.
Os dois lados da moeda
De um lado, estão os que veem na agricultura sustento e que, por isso, recebem com bons olhos a possibilidade de aumento da exploração agrícola. Do outro, os militantes ecologistas que primam pela proteção da natureza e o respeito dos seus limites.
Os grandes rios da Península Ibérica estão a secar e os caudais a diminuir, devido ao aquecimento global, às secas mais longas e à agricultura intensiva.
Segundo um estudo divulgado em janeiro deste ano, realizado pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF) e pelo grupo Rios Vivos da Europa, "cerca de 90% das bacias hidrográficas analisadas em vários países da União Europeia serão insalubres em 2027. Mas, em alguns pontos da Península Ibérica, já são sentidos os efeitos”.
Portugal e Espanha têm uma precipitação abaixo da média, em comparação com invernos anteriores. Do lado português, foi já suspensa a produção hidroelétrica em algumas barragens: Alto Lindoso, Touvedo (Alto Minho), Cabril e Castelo de Bode (Zêzere) são as barragens em questão, que deixam de produzir eletricidade a partir da água. Fica também suspenso o abastecimento de água para rega a partir da albufeira da Bravura (Lagos).
O governo de António Costa anunciou que iria reforçar a cooperação com o país vizinho para combater a seca na península.