"O sofrimento em Mariupol não pode tornar-se o futuro da Ucrânia"

Access to the comments Comentários
De  Francisco Marques
Mariana Vishegirskaya sobreviveu ao bombardeamento de uma maternidade em Mariupol
Mariana Vishegirskaya sobreviveu ao bombardeamento de uma maternidade em Mariupol   -  Direitos de autor  AP Photo/Mstyslav Chernov, Arquivo

É urgente fazer chegar a ajuda humanitária a Mariupol, cidade costeira no sul da Ucrânia e uma das mais arrasadas nas últimas três semanas pela artilharia às ordens do Kremlin.

O apelo é do Presidente do Comité da Cruz Vermelha Internacional. Peter Maurer está em Kiev desde quarta-feira e através de uma mensagem em vídeo fez uma comparação entre as condições de vida que encontrou na capital ucraniana e as de outras cidades cercadas pelas forças russas.

"Kiev está hoje demasiado vazia, mas os residentes nos esconderijos têm na maioria água corrente, eletricidade e acesso a assistência médica. Em demasiadas cidades ucranianas, há famílias barricadas, a lutar para encontrar água e comida suficientes para sobreviver. O sofrimento em Mariupol não pode tornar-se o futuro da Ucrânia", afirmou Peter Maurer.

A deslocação do presidente do CICV à Ucrânia tem por objetivo avaliar no terreno a necessária expansão da ajuda da Cruz Vermelha internacional, "de forma neutra e imparcial", aos civis afetados pela guerra.

Maurer pretende também aumentar o respeito pelo Direito Internacional Humanitário num conflito manchado pelo bombardeamento recorrente de zonas residenciais pela artilharia de Vladimir Putin.

Numa sequência de publicações pela rede social Twitter, o alto responsável da Cruz Vermelha Internacional apelou a ambas as partes em conflito para serem estabelecidos "acordos concretos que permitam a saída em segurança de cidades como Mariupol".

"As partes estão obrigadas pelo Direito Humanitário Internacional a garantir que as pessoas sob o respetivo controlo tenham acesso a assistência e a autorizar a entrada de ajuda", referiu.

Peter Maurer sublinha "a garantia de que todos os que não fazem parte dos combates sejam protegidos, estejam onde estiverem, nas respetivas casas ou em viagem, e estejam ou não nos apelidados corredores humanitários".

O presidente do CICV pede ainda "o tratamento de prisioneiros de guerra e de civis detidos com dignidade".

"Eles estão protegidos contra os maus-tratos e a exposição à curiosidade pública, incluindo imagens nas redes sociais. As Convenções de Genebra garantem também o aceso do CICV aos detidos", concretiza.

Outras fontes • CICV