Bruxelas garante que "as famílias estão protegidas" da crise da energia

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De  Aida Sanchez Alonso
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Entrevista com Kadri Simson, Comissária Europeia para a Energia

Uma inflação em espiral, uma dependência energética nociva da Rússia e o risco de cortes de energia. A Comissão Europeia enfrenta um dos seus invernos mais preocupantes de que há registo. Que soluções pode oferecer? Como tenciona atenuar o efeito do aumento das contas nos cidadãos? Procurámos as respostas junto da Comissária Europeia da Energia. Nesta entrevista, Kadri Simson explica que a garantia de abastecimento e armazenamento de energia é um trabalho contínuo e em permanente evolução. Assegura no entanto que as famílias são "clientes protegidos" em matéria de abastecimento de energia e que o comportamento individual pode poupar a indústria de racionamentos agravados.

euronews:A Presidente da Comissão acaba de anunciar novas sanções. O que pensa que serão?

Kadri Simson, Comissária Europeia para a Energia: Bem, este é um trabalho contínuo. Estamos prontos a reagir quando vemos que os pacotes anteriores deixaram algo fora do alcance. E isto é o que se pode esperar de um trabalho em contínuo para assegurar que a Rússia não vai ganhar receitas adicionais que são injustas e que ajudarão a financiar a sua guerra contra a Ucrânia.

E quais são as questões que tinham sido deixadas fora anteriormente. Quais as propostas?

Bem, é uma questão de execução. Durante a execução, quando já se tem um acordo consensual sobre alguns sectores e serviços, descobre-se que é necessário focar com maior precisão.

E também vão focar-se na energia?

A energia já foi coberta por várias sanções. Pessoalmente, também acredito que tal é necessário para introduzir um preço máximo para o gás russo, porque ainda não temos sanções sobre o gás. Mas isto é injusto, que a Rússia, que está a manipular com os seus abastecimentos, financie parte da redução com preços mais elevados.

O limite de preço do gás russo foi referido anteriormente, mas não estava na última proposta da comissão. Porque é que não estava lá?

Houve muitas perguntas sobre como vamos garantir a segurança do fornecimento antes deste Inverno e durante o próximo ano. Mas sabemos que a Rússia não tem ligação alternativa de gasodutos que lhe permita vender o gás que não vai vender a quem tem contratos válidos. Eles não têm oportunidade de o vender a outra pessoa. É por isso que o limite de preços pode ser a única oportunidade de conseguirem algum rendimento. Mas estão impedidos de obter receitas excedentárias mesmo que estejam disponíveis.

E pensa que outros Estados-membros também vão querer ter um preço máximo para o gás russo? Porque alguns deles não queriam antes?

Na verdade, esta é uma questão muito complicada porque temos de cuidar das quantidades disponíveis, de modo a podermos passar com segurança este inverno. Ao mesmo tempo, os Estados-Membros já fizeram muita coisa. Aplicaram medidas para reduzir o consumo global de gás e têm sido muito bem sucedidos no abastecimento e armazenamento. Por isso, neste momento, o nosso armazenamento subterrâneo de gás está 86% cheio. É uma quota mais alta do que acordámos no meio do verão.

Alguns países também queriam um limite de preço em todas as importações de gás para a Europa. Isto pode funcionar?

A posição em relação à Rússia e outros parceiros tem de ser diferente. Ao mesmo tempo, temos uma cooperação muito boa com países ligados através dos nossos gasodutos. Noruega, Azerbaijão, Argélia, todos eles. Temos conversações prévias sobre energia e, claro, vamos contactá-los e tentar que o preço seja mais acessível. Depois, é claro, existe o mercado de GNL. Temos de ter a certeza de que este não é manipulado, que existem padrões de referência para atrair quantidades adicionais de GNL de que precisamos.

Pelas suas palavras compreendo que, da parte da Comissão, não haverá uma proposta sobre um limite de preços para todas as importações de gás. É um não da Comissão Europeia?

Não, o trabalho está em curso. Mas a nossa maior preocupação é como conceber algo como isto para que as nossas quantidades e os volumes que podemos captar não sejam prejudicados.

Passando agora às medidas que a Comissão propôs, quais serão as primeiras a serem visíveis para os cidadãos? Porque tanto o imposto de solidariedade como as receitas do mercado são tecnicamente um pouco difíceis de implementar.

Bem, em todos os 27 estados membros da UE, os cidadãos já tiveram a oportunidade de ver alguns dos resultados. A proposta da semana passada visa uma situação em que há escassez de oferta no mercado.

Mas quando estará disponível o dinheiro que a Comissão espera angariar com estas duas medidas?

O preço máximo é para estes agentes que estão a produzir eletricidade com custos significativamente mais baixos do que, por exemplo, as centrais elétricas alimentadas a gás. Este dinheiro estará disponível para os governos utilizarem e apoiarem os consumidores retalhistas e as pequenas empresas, e estará disponível imediatamente.

E a contribuição solidária? Quando a veremos?

A contribuição solidária dirige-se às receitas excedentárias que as empresas de combustíveis fósseis estão a obter este ano. Isto significa que não vamos ter contribuições adicionais antes do final do ano.

Na proposta há também um corte obrigatório de 5% na procura de eletricidade. Como é que a Comissão Europeia se certificará os Estados Membros cumprem?

Esta é uma obrigação vinculativa e isso significa que os Estados-Membros sabem ser necessária. Bem, a resposta à procura e bons contratos com os grandes consumidores estão em vigor. Isto significa apenas que temos de os utilizar com maior frequência.

Teremos uma situação em que os cidadãos também têm reduzir o consumo? Os cidadãos também têm de poupar ativamente energia?

Os agregados familiares são clientes protegidos. Portanto, mesmo que enfrentemos a crise e não tenhamos fornecimentos suficientes, os agregados familiares estão protegidos. Mas dizer que isso não significa que cada um de nós não deva fazer o seu melhor para poupar energia. Esta é a atitude razoável. Ajuda-nos a baixar as contas. Neste preciso momento, se milhões de europeus se comportarem corretamente e não desperdiçarem energia, isso significa que nossa indústria não precisa enfrentar também essa situação, que há um racionamento necessário.

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