Moldávia sem perigo iminente de conflito militar mas sob ameaça russa ao Estado

Ministro da Defesa da Moldávia durante a entrevista com a France Press
Ministro da Defesa da Moldávia durante a entrevista com a France Press Direitos de autor Daniel MIHAILESCU / AFP
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De  Francisco Marques com France Press
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Ministro da Defesa da Moldávia diz haver uma "guerra híbrida" em curso e fala em ameaças com origem na Rússia para "mudar a ordem política" no país vizinho da Ucrânia

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A Moldávia tem estado sob pressão social, devido à crise energética e aos recorrentes protestos, mas não está perante "perigo iminente" de entrar num conflito militar, assegurou o ministro da Defesa.

Os protestos antigoverno têm-se sucedido nas últimas semanas, sob suspeita de interferência russa, o que motivou a detenção de algumas pessoas este fim de semana, incluído, anunciou a polícia, membros de um grupo pró-russo que terão sido contratados por 10 mil dólares para criarem desordem durante a instabilidade social também promovida pelo partido Sor, mais alinhado ao Kremlin.

Em entrevista à agência France Press, o ministro da Defesa Anatolie Nosatii admite haver outras ameaças à segurança moldava.

"Estou a falar de uma guerra híbrida. Manifesta-se através da desinformação e notícias falsas, que se refletem nas tensões dentro da nossa sociedade, geradas pela Rússia para mudar a ordem política, desestabilizar a situação e derrubar o poder estatal", acusou o governante.

Anatolie Nosatii reconhece haver problemas económicos na Moldávia, mas defende que o recurso dos instigadores aos argumentos da "crise da energia, sobretudo durante o inverno", e ao "perigo de haver mísseis de última geração e bombas a violar o espaço aéreo" moldavo é o que está a "inflamar as tensões sociais".

Em fevereiro, a presidente da Moldávia esteve ao lado do secretário-geral da NATO, na Conferência de Segurança de Munique.

Maia Sandu pareceu abrir a porta da adesão à aliança quando referiu ser "claro que a neutralidade não pode defender a Moldávia", mas esse passo não é ainda sequer permitido pela Constituição moldava, que consagra a neutralidade militar do país.

Para Anatolie Nosatii, "aderir à NATO é, antes de mais, uma questão política, sobre a qual há muitas discussões". "Para nós, a prioridade é haver uma cooperação com a NATO e neste último ano conseguimos aprofundar essa cooperação", referiu o ministro da Defesa.

A Moldávia é um dos países mais pobres da Europa e, desde o início da invasão russa da vizinha Ucrânia, viu a crise agravar-se devido sobretudo à escassez da energia provocada pelas sanções à Rússia, até h'a pouco o principal fornecedor.

A União Europeia assegurou ajuda aos moldavos, mas a insatisfação tem vindo a aumentar, em especial a partir da região separatista da Transnístria, que é controlada pela Rússia, na fronteira com a Ucrânia.

Moldávia não está nem ficará sozinha perante o perigo e as ameaças, incluindo as militares.
Anatolie Nosatii
Ministro da Defesa da Moldávia

O ministro da Defesa garante que a Moldávia tem "permanentemente pedido a retirada incondicional das forças russas, ilegalmente estacionadas no território moldavo, incluindo a evacuação do depósito de munições de Cobasna", cidade moldava na fronteira da região separatista da Transnístria com a Ucrânia, que ali foi instalado nos anos 40, do século XX, quando a região fazia parte da União Soviética.

Na atual situação de neutralidade da Moldávia, o ministro da Defesa lembra eventuais agressores do apoio da União Europeia e garante que o país "não está nem ficará sozinho perante o perigo e as ameaças, incluindo as militares."

"Ao apoiar a Ucrânia com tudo o que necessita para a vitória nesta guerra, a Europa está a apoiar a paz e a segurança de todos os países europeus, incluindo a República da Moldávia, que está próxima da guerra e é uma das mais afetadas", concluiu Anatolie Nosatii.

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