Numa altura em que a maioria dos estrangeiros é retirada do país, apenas alguns nacionais conseguem antecipar-se ao cessar-fogoe fugir.
As 72 horas de cessar-fogo no Sudão podem ter parado por agora os tiros, mas não afastaram a ameaça de uma guerra civil. Quem ficou sabe que a trégua tem o fim marcado. Quando os estrangeiros se forem embora o país volta a mergulhar num conflito, do qual sobretudo os mais frágeis, não têm como fugir.
Impedidos por razões económicas, familiares e até de saúde, muitos sudaneses veem-se obrigados a esperar por uma paz que dificilmente está para chegar.
Desde o início dos combates, apenas 17 máquinas num hospital da capital asseguram a diálise a quem precisa
"Os doentes devem fazer a diálise de dois em dois dias. Há doentes que não a fazem há 10 dias. Se um doente não a fizer duas ou três vezes por semana, tem 80% de hipóteses de morrer, porque a água entra nos pulmões", explica Othman Taj el-Dein, médico e diretor do departamento hospitalar dedicado ao tratamento dos rins.
Países vizinhos acolhem refugiados
Apesar da falta de transporte, alguns sudaneses já conseguiram fugir do país. Muitos dirigem-se ainda para os países vizinhos a pé. Pelas contas Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Chade, Sudão do Sul e Egito terão acolhido cerca de 25 mil refugiados desde o início do conflito.