As chamas consumiram milhares de hectares de área de cultivo, pecuária e máquinas de produção. Produtores dizem que vai levar anos até recuperarem as perdas.
O cenário de devastação na região de Evros, no norte da Grécia, deixa antever como os recentes incêndios florestais que assolaram o país afetaram não só a paisagem, mas também a vida de comunidades inteiras.
Avantas foi a primeira aldeia a ser evacuada. A passagem do fogo deixou aos habitantes locais uma pesada fatura para os próximos anos. Entre os mais afetados está quem vive da agricultura e da criação de gado.
Giorgos Hatzigeorgiou, presidente da comunidade de Avanta Evros, conta que "a zona tem três cooperativas de madeireiros e, se falarmos de uma área mais vasta, há seis cooperativas". Nos próximos anos, os madeireiros que há vários anos vendiam madeira para combustível, pouco poderão fazer "além de gerirem a madeira agora queimada para uso industrial".
Trabalho de gerações perdido
Dimitris e Vassilis Adamidis são dois jovens irmãos que, nos últimos sete anos, tomaram conta dos olivais do avô, na aldeia de Makri.
Das árvores que ali vingavam desde 1935 pouco resta. As chamas consumiram 98% das oliveiras, além das máquinas e dos equipamentos agrícolas essenciais à produção anual de dezenas de toneladas de azeitonas.
"Tudo começou com o meu avô", diz Vassilis. "As árvores cresceram com ele e depois viemos nós, os seus sucessores, e deparamo-nos com isto. É dramático, ver tantos anos de trabalho árduo desaparecerem em poucas horas".
De acordo com o produtor de azeitonas, "são precisos até dois anos para se ter uma ideia do estado de saúde da árvore. Mas até dar fruto, estamos a falar de, pelo menos, cinco a sete anos ou mesmo 10 anos, no pior dos casos".