ONU lamenta ter batido em Gaza o recorde de óbitos da organização num único conflito. Israel prevê prazo para entrada militar a pé na cidade bastião do Hamas
As Nações Unidas sublinharam esta segunda-feira a morte na Faixa de Gaza de 88 elementos da Agência de apoio aos refugiados palestinianos (UNRWA, na sigla anglófona) desde 7 de outubro, um trágico recorde de óbitos da ONU num único conflito, acrescentam.
São baixas que se incluem nos mais de 9.900 mortos desde 7 de outubro reclamados pelo Ministério da Saúde de Gaza.
Um balanço atualizado com mais 200 mortos anunciados já esta manhã após os bombardeamentos da última noite sobre o enclave controlado pelo Hamas, grupo palestiniano considerado terrorista também pela União Europeia e que a há um mês fez mais de 1.400 mortos num ataque surpresa em território israelita.
Na contraofensiva em curso, as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla anglófona/Tsahal, no acrónimo hebraico) acabam de anunciar, entretanto, ter conseguido dividir em dois o território da Faixa de Gaza e previram que em 48 horas a operação pelo terreno poderia entrar a pé pela Cidade de Gaza, alegado bastião das operações do Hamas.
Um prazo que deve terminar na noite de terça-feira, um simbólico dia 7 de novembro para tentar minimizar o impacto de 7 de outubro.
"O Hamas percebe as implicações da divisão da Faixa de Gaza entre norte e sul. No sul da Faixa de Gaza, na sequência da vossa pergunta sobre a ajuda humanitária, existe uma área segura. É onde são entregues água, alimentos e medicamentos. O combustível não vai entrar", garantiu Daniel Hagari, o porta-voz das IDF, na habitual atualização perante os jornalistas do andamento da contraofensiva em Gaza.
As IDF anunciaram também, às primeiras horas desta segunda-feira, a morte de mais um soldado, um sargento, elevando para 30 o número de baixas sofridas na atual incursão militar pela Faixa de Gaza, território uma vez mais bombardeado em diversas zonas pela força aérea israelita.
Pelo menos dois campos de refugiados terão sido atingidos, este domingo, com relatos de mais de meia centena de mortos ente os palestinianos.
As IDF garantem não estar a atacar hospitais nem ambulâncias, mas apenas bases de operações do Hamas.
O Rei da Jordânia, Abdullah II, anunciou entretanto o envio por via aérea de ajuda médica urgente ao hospital de campanha que instalou em Gaza.
A operação jordana foi coordenada com Israel e terá sido intermediada pelo secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, que passou este fim de semana pela Jordânia e pela Cisjordânia.
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos deve reunir-se hoje em Ancara com homólogo turco, um dia depois de o presidente Receo Tayyp Erdogan ter assumido "o dever de travar o massacre de palestinianos em Gaza".
Os Estados Unidos fizeram saber, por fim, ter mobilizado para a região um submarino da classe Ohio, com capacidade nuclear.
O anúncio partiu do Comando Central dos EUA, que opera nas águas do Mar Vermelho, do Golfo Pérsico, do Golfo de Omã e no leste do Mediterrâneo.
O submarino reforça o contingente naval americano já estacionado nas proximidades de Israel e da Faixa de Gaza, com o objetivo de dissuadir uma eventual interferência do Irão no conflito em curso entre Israel e o Hamas.