Protesto dos agricultores franceses está a dificultar acessos à capital. Cerco a Paris começou na segunda-feira.
Os agricultores franceses continuam esta terça-feira a bloquear as principais autoestradas que servem Paris, impedindo o acesso à cidade. O protesto, que mobilizou centenas de tratores e outros veículos agrícolas, tem como objetivo pressionar o governo francês para que avance com medidas mais favoráveis ao sector, abalado pelas repercussões da guerra na Ucrânia.
Arnaud Quémard, diretor-geral da SANEF, empresa que gere as autoestradas na região norte e leste de França, disse às agências noticiosas que todos os acessos à capital francesa foram bloqueados na manhã de terça-feira.
Nas autoestradas A1, A4, A6 e A13, os agricultores passaram a noite nos seus tratores, depois de terem iniciado o bloqueio na tarde de segunda-feira. Levaram reservas de água e comida e tendas para pernoitarem.
Em Jossigny, perto do parque temático da Disney, a leste de Paris, os manifestantes bloquearam as seis faixas da autoestrada A4 e levantaram cartazes onde se lia: "Não há alimentos sem agricultores" ou "O nosso fim significa fome para si".
De acordo com o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, 15.000 polícias e gendarmes foram mobilizados para impedir a entrada dos agricultores em Paris e noutras cidades onde se realizaram protestos, e ainda para garantir o normal funcionamento dos aeroportos e do principal mercado de alimentos frescos da região, localizado em Rungis. Este mercado fornece 60% dos alimentos frescos de Paris a cerca de 12 milhões de pessoas e é um dos maiores da Europa.
O bloqueio das principais autoestradas de Paris fez com que as dificuldades no trânsito alastrassem às regiões limítrofes, prevendo-se mais uma semana difícil para o primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, que assumiu o cargo há menos de um mês.
As medidas anunciadas por Attal durante a visita a uma exploração agrícola na cidade de Montastruc-de-Salies, na passada sexta-feira, ficaram aquém das exigências dos agricultores, que optaram por prosseguir com as manifestações. Entre as propostas do Governo estão, por exemplo, o fim do aumento progressivo dos impostos sobre o gasóleo agrícola e dez medidas imediatas de simplificação das regulamentações do sector. Attal insistiu, ainda, que França não ratificará o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul.
Protestos continuam em vários países da Europa
Também na segunda-feira, agricultores romenos protestaram na cidade de Brasov para reivindicar melhores condições de trabalho. Os manifestantes levaram mais de cinquenta máquinas e camiões, bem como automóveis, para as principais avenidas da cidade.
Em Bruxelas, capital da Bélgica, os protestos bloquearam a mais movimentada via circular da cidade.