Eleições no Irão: conservadores mantêm controlo do parlamento

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Dos 245 candidatos eleitos à primeira volta, 200 tinham o apoio de grupos conservadores. Com quase todos os chamados reformistas excluídos do boletim de voto, muitos boicotaram o sufrágio. Afluência terá sido baixa.

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Os políticos conservadores continuam a controlar o parlamento iraniano, de acordo com os resultados divulgados esta segunda-feira, das primeiras eleições realizadas no país desde os protestos anti-governo de 2022. 

A avaliar pelas assembleias de voto da capital Teerão, onde se deslocaram poucos eleitores, a participação nas legislativas de sexta-feira terá sido reduzida. As autoridades não revelaram ainda os números da afluência nem explicaram os motivos do atraso na divulgação dos dados, embora estes sejam de acesso fácil, tendo em conta que cada eleitor foi registado eletronicamente no momento da votação.

Teerão impediu os políticos que defendiam qualquer mudança no governo do país, conhecidos como reformistas, de concorrerem às eleições. Os que defendiam reformas radicais foram excluídos ou não chegaram sequer a registar-se como candidatos.

A fraca afluência às urnas pode ter sido a forma escolhida pelos iranianos para enviarem uma mensagem contundente ao regime. Narges Mohammadi, Prémio Nobel da Paz que se encontra detida, insistiu no boicote. Este tipo de apelo aumentou a pressão sobre o regime teocrático de Teerão que, em parte, tem baseado a sua legitimidade na participação eleitoral.

"As eleições de sexta-feira parecem ter reafirmado que as políticas iranianas não vão mudar num futuro próximo, mas a votação demonstrou que o público iraniano está largamente insatisfeito com o rumo que a República Islâmica está a tomar", destacou o grupo de reflexão Soufan Center, sediado em Nova Iorque, numa análise feita esta segunda-feira.

Segundo o porta-voz do Ministério do Interior iraniano, 245 dos 290 lugares do Parlamento foram eleitos à primeira volta, sendo que os restantes 45 serão disputados numa segunda volta, a realizar em abril ou maio, uma vez que os candidatos vencedores não conseguiram obter os 20% de votos obrigatórios.

De acordo com a Associated Press, dos 245 políticos eleitos, 200 eram à partida apoiados por grupos conservadores.  Apenas 11 mulheres conseguiram ser eleitas - o atual parlamento tem 16 mulheres.

Assembleia de Peritos nomeia o líder supremo

Na última sexta-feira, os iranianos votaram igualmente nos membros da Assembleia de Peritos, com 88 lugares, que irão cumprir um mandato de oito anos e que nomearão o próximo líder supremo do país, o sucessor de Khamenei, de 84 anos. 

O antigo presidente iraniano, Hassan Rouhani, responsável pelo acordo nuclear de 2015 entre o Irão e as potências mundiais, é um atual membro da Assembleia, mas foi excluído do boletim de voto.

Ebrahim Raisi, um protegido de Ali Khamenei que tem sido apontado como possível substituto do líder supremo, voltou a ser eleito. Outro possível sucessor é o filho de Khamenei, Mojtaba, que não ocupa qualquer cargo no governo.

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