Num exclusivo televisivo, o enviado do Papa à Ucrânia fala com a Euronews a partir de Kiev para esclarecer os comentários do Papa Francisco sobre as negociações para pôr fim à guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Na segunda-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano convocou o Núncio do Vaticano na Ucrânia para expressar o seu desapontamento com os recentes comentários do Papa.
Numa entrevista à emissora suíça RSI, Francisco disse que a Ucrânia deveria "mostrar a coragem de levantar a bandeira branca" e iniciar conversações com a Rússia para pôr fim ao conflito que dura há dois anos.
A Euronews falou com Visvaldas Kulbokas, o Núncio Apostólico na Ucrânia, sobre as palavras do Papa.
"Creio que um dos aspetos fundamentais dos comentários do Papa já foi esclarecido. O Papa não estava a sugerir a rendição. Em vez disso, como explicou o Cardeal Parolin, Secretário de Estado, quando usou o termo "negociações", o Papa deu a entender que todas as partes deveriam estar envolvidas no processo de negociação. Além disso, quando falamos de "negociação", pode parecer inicialmente ingénuo, dados os acontecimentos desfavoráveis dos últimos anos, particularmente durante a invasão da Ucrânia pela Rússia. O convite do Papa tem como objetivo transcender estas experiências negativas e explorar abordagens alternativas, incluindo novas, para finalmente encontrar a forma mais adequada de negociação - uma que respeite a Ucrânia e as vidas humanas".
O Núncio Apostólico sublinhou a ajuda prestada pela Igreja Católica na Ucrânia.
"Se considerarmos as ações do Papa, o hospital "Bambino Gesù" do Pontífice, em Roma, é um caso exemplar. Já acolheu mais de 2.500 crianças ucranianas. O apoio prestado vai para além da ajuda humanitária; estão a ser oferecidas várias formas de assistência. O Papa está a contribuir ativamente através do Cardeal Krajewski, e há também um trabalho notável realizado pelas Igrejas e pela Cáritas. O montante da ajuda, ainda estamos a analisar, porque são dados muito elevados".