Macron e Lula da Silva reforçaram parceria militar com lançamento de submarino. Presidente do Brasil tenta eliminar opsição de Macron ao acordo Mercosul-UE. Presidente francês procura aumentar apoio brasileiro à Ucrânia.
Os presidentes da França e do Brasil lançaram esta quarta-feira no estaleiro de Itaguaí, na região metropolitana do Rio de Janeiro, um submarino com propulsão diesel-elétrica, construído no Brasil com tecnologia francesa.
Batizado com o nome da batalha naval de Tonelero, vencida pelo Brasil contra a rival Argentina em 1851, este é o terceiro de quatro submarinos construídos no âmbito de uma parceria entre os dois países, iniciada por Lula e Sarkozy em 2008.
Macron quer reaproximar França do Brasil
A França de Emmanuel Macron optou por desenvolver laços fortes com o Brasil, a primeira potência da América do Sul. Um país que se vê como líder - juntamente com o México - da América Latina.
As relações entre os dois países melhoraram desde que Lula derrotou Jair Bolsonaro e voltou a voltou a assumir a liderança do Palácio do Planalto para um terceiro mandato à frente dos destinos do Brasil.
Macron é o primeiro presidente francês a visitar o Brasil em 11 anos.
Investimento na Amazónia
França e Brasil anunciaram um plano conjunto para investir mil milhões de euros na Amazónia, incluindo partes da floresta tropical na vizinha Guiana Francesa. O dinheiro será distribuído ao longo dos próximos quatro anos para financiar projetos de desenvolvimento sustentável e de proteção da floresta amazónica.
A desflorestação na Amazónia brasileira diminuiu para metade em 2023, um êxito para Lula, que prometeu travar o fenómeno até 2030.
Lula e Macron procuram "definir um rumo comum" para lutar contra as alterações climáticas e a pobreza, disse o gabinete de Macron, uma vez que o Brasil vai acolher a cimeira do Grupo das 20 principais economias mundiais no Rio de Janeiro, em novembro, e a COP 2030 em Belém, no próximo ano.
Ucrânia e Acordo Mercosul-UE na agenda
Tanto Paris como Brasília indicaram que as negociações sobre o acordo comercial do Mercosul, que já duram há duas décadas, não serão um dos principais objectivos da viagem de Macron.
Ainda assim, Lula deve aproveitar a ocasião para tentar convencer o líder francês a pôr fim à oposição ao acordo de comércio livre entre a UE e o Mercosul
Antes da viagem, fontes do governo francês disseram à Bloomberg que Macron tentará convencer Lula a aproximar-se do apoio à Ucrânia como um dos líderes do Sul Global.
E em relação à Ucrânia, ele é a alternativa a Lula. Vem de um movimento político que denuncia o atual quadro internacional, que não rompeu com a Rússia. O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, visitou o Brasil duas vezes este ano, antes de ir para a Venezuela e Cuba. Lula gostaria que o Brasil atuasse como mediador nas negociações de paz entre os dois países.
O Brasil insiste que Kiev e Moscovo partilham a responsabilidade pela guerra e manteve relações com a Rússia desde a invasão
Macron iniciou a sua visita de três dias ao Brasil na cidade amazónica de Belém e seguiu de barco para a ilha de Combu para se encontrar com líderes indígenas. Depois vai reunir-se com investidores brasileiros no mesmo dia e na quinta-feira vai a Brasília para se encontrar novamente com Lula e concluir a sua visita oficial.