Só no ano passado quase 45.000 pessoas chegaram à Grécia a partir da Turquia, mais do dobro que em 2022.
De acordo com a agência de refugiados da ONU, quase 45.000 pessoas chegaram à Grécia a partir da Turquia em 2023, mais do dobro do que no ano anterior, quando o número de migrantes se cifrou em pouco menos de 19.000.
O sul da Grécia tem registado um grande fluxo de migrantes do norte da África. A ilha de Gavdos, onde vivem cerca de 70 pessoas, tem lidado com esta realidade em primeira mão.
A população da pequena ilha com cerca de 30 quilómetros quadrados tenta ajudar os migrantes que lá desembarcam da maneira que conseguem.
"Aqui tenho farinha a mais, para quando os emigrantes chegarem. O que é que eles vão comer? É um rio de pessoas e procuram desesperadamente deixar os seus países", comenta uma residente da ilha.
O número de migrantes que se dirigem para a Europa está a aumentar e são particularmente os países ao longo da costa mediterrânica que estão a suportar uma grande parte deste fardo.
As ilhas gregas no leste do Mar Egeu são um ponto de entrada na União Europeia frequentemente usado pelos migrantes, que recorrem a redes de traficantes turcos em águas patrulhadas pela Frontex, a agência de proteção das fronteiras da UE.
Os gregos temem que esta realidade que se vive nas ilhas do país seja apenas o começo.
"Uma ilha como a nossa não consegue suportar tanta gente. Por mais dinheiro que a Europa atire para o problema, isto não é solução", diz um pescador de Gavdos.
As autoridades locais afirmam que cerca de nove milhões de migrantes estão a tentar chegar à Grécia. Mas o número pode ascender a 20 milhões se as condições piorarem. E a população sabe que o mais certo é que cada vez mais migrantes cheguem no futuro.
Ainda esta quarta-feira, pelo menos 17 pessoas foram resgatadas com vida e três estarão desaparecidas na sequência de um naufrágio ao largo da ilha grega de Quios.