Os jornalistas insistiram que estavam seguros da informação dada para a identificação dos sequestradores.
Começou esta segunda-feira, em Paris, o julgamento de cinco homens suspeitos de terem raptado e torturado quatro jornalistas franceses na Síria, em 2013.
Os homens são acusados de fazer parte do grupo Estado Islâmico, que sequestrou e manteve em cativeiro quatro jornalistas - Nicolas Hénin, Didier François, Edouard Elias e Pierre Torres - durante mais de 10 meses.
Dezenas de outras pessoas, incluindo trabalhadores humanitários, foram também mantidas em cativeiro pelo grupo entre 2013 e 2014.
O principal arguido no julgamento é o jihadista francês Mehdi Nemmouche, que já está a cumprir uma pena de prisão perpétua por ter matado quatro pessoas durante o seu ataque ao Museu Judaico de Bruxelas em 2014.
Nemmouche manteve-se em silêncio desde a sua detenção, a 30 de maio de 2014, mas falou pela primeira vez no tribunal de Paris, na segunda-feira.
"Nunca sequestrei os reféns ocidentais ou qualquer outro refém e nunca conheci estas pessoas na Síria", afirmou.
Os quatro jornalistas - que foram libertados em abril de 2014 - garantiram aos investigadores que foi Nemmouche quem os sequestrou, sublinhando que foi o único que nunca cobriu o rosto.
As alegadas vítimas apontaram o homem de 39 anos como sendo particularmente cruel e "brutal", bem como "perverso, violento e megalómano".
"Batia-nos na cabeça com um taco. Esmagou-nos os dedos com um alicate. Utilizou choques elétricos. Submeteu-nos a execuções simuladas", recordam.
"Ele [Nemmouche] deixava deliberadamente os corpos das pessoas que tinham sido torturadas fora de casa durante a noite, ouvíamo-los gritar durante toda a noite", disse Didier François, que foi raptado em junho de 2013 enquanto fazia uma reportagem no norte da Síria, à emissora francesa TF1 na semana passada.
As informações sobre as torturas psicológicas e físicas alegadamente infligidas aos jornalistas, bem como os pormenores do tratamento dado aos reféns pelo grupo Estado islâmico na Síria, deverão ser apresentadas durante o julgamento.