Nos governos de Cavaco Silva, ficou famoso pela frase "não sou ministro, estou ministro". Depois de carreiras de sucesso na magistratura e na política, tornou-se romancista e deu nome a um prémio literário.
Morreu, aos 83 anos, Álvaro Laborinho Lúcio, mais conhecido por ter sido ministro da Justiça no governo de Cavaco Silva nos anos 1990, mas com uma larga carreira na magistratura, sendo juiz-conselheiro jubilado do Supremo Tribunal de Justiça e, mais recentemente, na literatura, autor de vários romances e de um livro de memórias.
Laborinho Lúcio nasceu em 1941 na Nazaré e estudou em Coimbra, onde se licenciou em Direito e fez mais tarde o mestrado em Ciências Jurídico-Civilísticas.
Magistrado de carreira, foi juiz em várias comarcas e mais tarde juiz-conselheiro no STJ. Foi ainda Procurador da República junto do Tribunal da Relação de Coimbra, inspetor do Ministério Público, Procurador-Geral-Adjunto da República e diretor da Escola da Polícia Judiciária e do Centro de Estudos Judiciários.
Cavaco Silva convidou-o para o governo, primeiro como secretário de Estado da Administração Judiciária e depois como ministro da Justiça, cargo que exerceu de 1990 até ao fim da era Cavaco, em 1995. Durante esse período, ficou célebre a frase dita numa entrevista a um jornal: "Eu não sou ministro, eu estou ministro".
Após deixar o governo, foi deputado e mais tarde Ministro da República na Região Autónoma dos Açores, nomeado pelo então presidente Jorge Sampaio, que o agraciou em 2005 com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo.
Empenhado na causa da luta contra os abusos e maus-tratos a menores, foi membro da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), ajudou a fundar a Associação Crescer-Serefoium dos seis elementos da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica.
Romancista revela-se depois dos 70
Mais recentemente, após ter publicado vários livros jurídicos, lançou-se na escrita de romances. O primeiro foi O Chamador, publicado em 2014, seguindo-se O Homem que Escrevia Azulejos (2016, finalista do Prémio Fernando Namora), O Beco da Liberdade (2019, semifinalista do Prémio Oceanos), As Sombras de uma Azinheira (2022) e o livro de memórias A Vida na Selva (2024), todos publicados pela editora Quetzal.
Em homenagem a Laborinho Lúcio, a Associação de Antigos Alunos da Universidade do Minho, onde lecionou, criou um prémio literário com o seu nome, entregue pela primeira vez em 2024 a Ana Paula Mateus com o livro Um Rasto de Perfume.