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Atuação do pianista Jayson Gillham cancelada após apoio a jornalistas palestinianos mortos

Jayson Gillham nos doze semi-finalistas do 14º Concurso Internacional de Piano Van Cliburn, na quinta-feira, 30 de maio de 2013, em Fort Worth, Texas
Jayson Gillham nos doze semi-finalistas do 14º Concurso Internacional de Piano Van Cliburn, na quinta-feira, 30 de maio de 2013, em Fort Worth, Texas Direitos de autor RON T. ENNIS/AP
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De  David MouriquandEuronews
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O pianista Jayson Gillham, que iria subir ao palco quinta-feira, foi sancionado pela Orquestra Sinfónica de Melbourne por ter dedicado uma atuação aos jornalistas palestinianos mortos em Gaza. A Media, Entertainment and Arts Alliance (MEAA) manifestou a sua preocupação com a liberdade de expressão.

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O pianista australiano-britânico Jayson Gillham foi sancionado pela Orquestra Sinfónica de Melbourne (MSO) depois de ter feito comentários sobre a morte de jornalistas palestinianos em Gaza.

No concerto realizado no Auditório Iwaki no domingo, Gillham, de 37 anos, interpretou uma série de obras, de Beethoven a Chopin, e tocou também “Witness”, escrita pelo compositor australiano Connor D'Netto, que dedicou aos “jornalistas palestinianos mortos em Gaza”.

“Nos últimos 10 meses, Israel matou mais de 100 jornalistas palestinianos”, disse Gillham antes de iniciar a peça. “Alguns deles foram assassinatos de jornalistas proeminentes que viajavam em veículos de imprensa identificados ou usavam coletes de imprensa", afirmou.

E continuou a crítica: “O assassinato de jornalistas é um crime de guerra de acordo com o direito internacional, e é feito num esforço para impedir a documentação e a transmissão de crimes de guerra para o mundo”, acrescentou.

O pianista tem sido um ativista regular da causa palestiniana nas suas redes sociais.

A orquestra australiana reagiu cancelando a atuação de Gillham, que se realizaria na quinta-feira e emitiu a seguinte carta aos seus assinantes:

“Durante a atuação de Jayson Gillham ontem (domingo, 11 de agosto), o Sr. Gillham fez uma série de observações introdutórias antes de fazer a estreia mundial da peça Witness de Conor D'Netto, uma adição tardia ao programa anunciado. Witness foi aceite a pedido do Sr. Gillham por se tratar de uma peça curta e meditativa. O Sr. Gillham fez as suas observações pessoais sem pedir a aprovação ou caução da MSO. Foi uma intrusão de opiniões políticas pessoais no que deveria ter sido uma manhã centrada num programa de obras para piano solo”, lê-se.

A declaração prossegue condenando a atitude do pianista. “A MSO não tolera a utilização do nosso palco como plataforma para a expressão de opiniões pessoais. O Sr. Gillham não atuará no concerto anunciado com a MSO esta quinta-feira à noite na Câmara Municipal de Melbourne. Os clientes serão informados desta alteração ao programa de quinta-feira logo que possível. A MSO não foi, em momento algum, informada do conteúdo das observações que o Sr. Gillham tencionava fazer. Foram proferidas sem qualquer autorização”.

A Media, Entertainment and Arts Alliance (MEAA), sindicato que representa os músicos, emitiu um comunicado onde manifestou-se “perturbada” com a decisão da MSO de sancionar Gillham pelos seus comentários.

“Os membros do MEAA estão solidários com Jayson Gillham e com os jornalistas que trabalham na Palestina”, pode ler-se.

No comunicado, a MEAA diz também que a reação da MSO foi despropocionada "e ofensiva para os princípios da expressão artística. Causou uma enorme dor e angústia a Jayson e é desrespeitosa para com os seus colegas músicos - e para com os nossos colegas jornalistas em Gaza."

O porta-voz da MEAA mostrou-se também preocupado com a liberdade de expressão. “A expressão musical e artística tem sido, desde há muito, um veículo de comentário político e uma lente através da qual examinamos o mundo, e a MEAA está preocupada com o facto de a liberdade de expressão estar a ser comprometida em toda a força de trabalho criativa”.

A guerra entre Israel e Gaza tornou-se uma questão política volátil na Austrália, que tem procurado gerir cuidadosamente.

Como tem acontecido em inúmeros outros países, houve protestos das comunidades judaica e muçulmana, bem como um aumento acentuado da islamofobia e do antissemitismo.

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