UE ambiciona aumentar produção de energia offshore até 2030

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UE ambiciona aumentar produção de energia offshore até 2030
Direitos de autor Euronews/Wavepiston
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De  Denis Loctier
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A União Europeia ambiciona aumentar a dimensão dos projetos de produção de energia marinha de modo a atingir uma escala industrial até 2030.

A euronews esteve na costa da Gran Canaria, em Espanha, para conhecer um novo sistema para aproveitar a energia das ondas do mar.

O protótipo concebido por uma empresa dinamarquesa foi desenvolvido com o apoio da União Europeia

"Há muita energia nas ondas, mas, a nível mundial, ainda não foi possível ser competitivo em relação às outras fontes renováveis. O offshore é difícil. Por isso, a prioridade tem sido dada às energias renováveis em terra. Agora estamos a avançar para o offshore, para a energia eólica offshore flutuante e para a energia das ondas", disse à euronews Michael Henriksen, Diretor Executivo e Fundador, Wavepiston.

Um protótipo discreto que "não estraga a vista"

Trata-se de um método, simples mas eficaz que reduz as dispendiosas reparações em alto mar.

"Gostaríamos de ter os primeiros locais relativamente perto da costa, porque assim poderíamos ir diretamente à costa para a conversão de energia. A maior parte do dispositivo está debaixo de água, não estraga a vista, é um sistema muito discreto", frisou o responsável.

A euronews visistou uma instalação de investigação em alto mar onde foram montados os componentes de conversão de energia e de dessalinização da água. Os testes são realizados pela Plataforma Oceânica das Ilhas Canárias.

Uma plataforma para testar inovações em condições reais

Graças à plataforma, empresas inovadoras podem experimentar protótipos em condições reais num local com acesso a eletricidade, instrumentos e sensores.

"Estamos a ter cada vez mais projetos, não só para experimentar diferentes tecnologias que aproveitam ao máximo as ondas, as correntes ou outros tipos de geração de energia, mas também a estudar, por exemplo, a corrosão que afeta as turbinas, as tempestades de areia que são bastante frequentes aqui e que podem afetar a eficiência do equipamento", disse Tania Montoto Martínez, gestora da Plataforma Oceânica das Ilhas Canárias.

Sobreviver às tempestades

O equipamento foi concebido para aguentar grandes tempestades sem se avariar. 

"Quando as ondas se tornam demasiado fortes, como em situações de tempestade, a estrutura dobra-se completamente. A água passa. É uma espécie de sistema passivo que toma conta de si próprio e pode dobrar-se quando necessário", explicou Michael Henriksen, Diretor Executivo e Fundador da Wavepiston.

Transformar o fluxo da água em eletricidade

Nos Alpes franceses, perto de Grenoble, a euronews visitou  a HydroQuest, uma empresa que trabalha com turbinas movidas por correntes de maré. O fluxo de água é transformado em eletricidade. Um método que funciona melhor em locais estreitos onde as correntes são fortes. A HydroQuest planeia construir, na Normandia, o parque de marés mais potente do mundo.

"Podemos criar modelos precisos do movimentos da Lua e dos efeitos gravitacionais com a deformação das marés. Assim, sabemos exatamente o que está a acontecer, a partir do momento em conhecemos a área e a forma do fundo do mar. Podemos prever, com décadas de antecedência, as velocidades que teremos no local e a produção de eletricidade", explicou Thomas Jaquier, presidente da HydroQuest.

A HydroQuest demonstrou a eficácia da sua tecnologia no âmbito do projeto TIGER. Uma iniciativa financiada pela UE que visa aumentar a energia gerada pelas correntes de maré na área em redor do Canal da Mancha

"Acreditamos que dispomos de uma tecnologia de elevado desempenho e robustez, muito adequada para funcionar em fluxos altamente turbulentos, como é o caso do oceano. O parque piloto é um projeto de 17,5 megawatts. A produção de eletricidade será de 41 gigawatts-hora por ano, o que é suficiente para abastecer cerca de 20 mil casas", detalhou Thomas Jaquier.

Projeto em Viana do Castelo explora potencial das ondas

A União Europeia espera tirar partido do  potencial das ondas e marés oceânicas ao longo das costas europeias do Atlântico e do Mar do Norte para gerar energia local e limpa.

Alguns portos industriais estão a criar espaço para projetos de energia marinha.

A rede Ocean Energy Europe representa mais de 120 grupos que trabalham neste domínio em crescimento. A euronews falou com um responsável da rede europeia, no porto de Viana do Castelo, em Portugal.

"A boa notícia é que temos muito mar. A Europa tem uma das maiores linhas costeiras do mundo. Sabemos que as ondas e as marés, em conjunto, podem produzir cerca de 10% do consumo atual de eletricidade, o que pode parecer pouco, mas é exatamente o que produzem as grandes barragens em todos os rios da Europa", explicou Rémi Gruet, Diretor Executivo da Ocean Energy Europe.

Projetos ambicionam atingir escala comercial

Os primeiros conversores de energia das ondas à escala comercial,  como este dispositivo da CorPower Ocean, demonstrou resistir a tempestades ferozes, num local de teste offshore em Portugal, sem acarretar derrapagens ao nível dos custos.

"A maioria dos dispositivos anteriores falhou porque é preciso construí-los em função do pior cenário possível. E falham porque são demasiado caros, demasiado pesados", explicou Miguel Silva, Diretor-Geral da CorPower Ocean.

O movimento ascendente e descendente da boia está sempre a ajustar-se para obter o máximo de energia de cada onda. 

"Este conceito permitiu-nos ultrapassar muitas das questões básicas que estão relacionadas com a energia das ondas desde o início, começando pela capacidade de sobrevivência, mas também utilizando menos materiais para obter o mesmo resultado, ou até melhor", acrescentou Miguel Silva.

Feitas de compósito de fibra de vidro, as bóias podem ser produzidas diretamente no porto. Depois, basta um simples rebocador para as levar para o mar. Podem até ser instaladas perto de parques eólicos offshore existentes e usar os mesmos cabos submarinos. 

Há cada vez mais projetos de ondas e marés que podem ser explorados comercialmente. "No futuro, as zonas da costa vão ser produtoras de eletricidade, mas também produtoras de emprego, porque todas estas tecnologias podem ser produzidas localmente com muita facilidade. Uma mistura de energia eólica e solar, marés, ondas. Um sistema de energia descarbonizada que fornece eletricidade de baixo custo ao consumidor no sítio onde ele precisa dela", concluiu Rémi Gruet.

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