Europol: Ameaça terrorista na União Europeia permanece alta

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De  Andrei Beketov  & Isabel Marques da Silva
Europol: Ameaça terrorista na União Europeia permanece alta
Direitos de autor  REUTERS/Francois Lenoir

A ameaça terrorista na União Europeia permanece alta, apesar do declínio dos extremistas do autodenominado "Estado Islâmico" no Iraque e na Síria, informou a Europol, agência policial comunitária, sedeada na Holanda.

Em 2017, tivemos 68 mortos e mais de 800 feridos em ataques terroristas

Gerald Hesztera Diretor de comunicação, Europol

"Infelizmente, tivemos um aumento, porque se registaram 205 ataques no ano passado. Isso representa um aumento de quase 45% em relação a 2016. Tivemos 68 mortos e mais de 800 feridos nesses ataques terroristas. Logo, existe uma séria ameaça terrorista. Vemos também que a tendência é que esses ataques sejam cometidos pelos chamados “lobos solitários”, ou seja, pessoas que foram radicalizados através da internet ou dos discursos de pregadores radicais",  disse, à euronews, Gerald Hesztera, diretor de comunicação.

A ameaça terrorista é também tratada no edifício vizinho, sede da Eurojust (Unidade de Cooperação Judiciária da União Europeia), visitado pelo enviado da euronews, Andrei Beketov.

"A Eurojust está muito focada em rever as medidas antiterroristas, até porque cabe-lhe emitir os mandados de detenção transfronteiriços que sejam pedidos pelas autoridades dos Estados-membros", explicou.

Aquando dos ataques terroristas, em novembro de 2015, em Paris, o governo francês solicitou o apoio da Eurojust para capturar os suspeitos.

"Vários Estados-membros da União, mas também países terceiros, demonstraram, na altura, preocupações com este tipo de ataques. O único mecanismo de cooperação judiciária que poderia assegurar cooperação a nível europeu, num quadro multilateral, é a Eurojust", referiu Frederic Baab, presidente da unidade de luta antiterrorismo francesa.

"O resultado, de momento - uma vez que esta investigação ainda está em curso - , é que a mediação da Eurojust permitiu que fossem extraditados para França três suspeitos: dois deles foram detidos na Áustria e um terceiro na Alemanha", acrescentou.

A coordenação e troca de informação ao nível da Eurojust têm ajudado a França a redesenhar a sua política nesta matéria, segundo o procurador-geral do Tribunal de Paris, François Molins.

"Temos vindo a reavaliar, e a reforçar, a nossa política criminal contra os terroristas jihadistas, incluindo aqueles que foram lutar na Síria, ao lado do Daesh e que regressaram a França. Isso inclui as mulheres no lote de suspeitos que são, sistematicamente, levadas perante os tribunais criminais. Por último, estamos a tentar aperfeiçoar a nossa resposta em termos de apoio às vítimas", explicou o magistrado.

O Parlamento Europeu e os governos dos Estados-membros chegaram a acordo, quarta-feira, sobre a necessidade de investir mais e reformar esta unidade.

"Os dados de investigações criminais nacionais que nos são remetidos estão em segurança na Eurojust. Vamos melhorar a estrutura de administração e tentaremos cooperar cada vez melhor com os nossos parceiros, isto é, a Europol, a Frontex e a futura Procuradoria-Geral Europeia", referiu Ladislav Hamran, presidente da Eurojust.