"Estado da União": Theresa May e Angela Merkel, duas políticas de "fibra"

Theresa May: "Creio que é meu dever para com o país tomar as decisões que são do interesse nacional. E acredito firmemente, com a cabeça e com o coração, que esta é uma decisão que é do interesse de todo o Reino Unido."
A primeira-ministra britânica, Theresa May, regressou ao número 10 de Downing Street e entrou em águas políticas desconhecidas depois de ter anunciado o acordo para a saída da União Europeia.
Theresa May, parece que não acreditava mesmo que algum dia fosse possível chegar a um entendimento sobre o Brexit.
Mas apenas algumas horas após esta declaração, uma série de demissões abalaram o seu governo e um exército de opositores políticos, dentro e fora do seu Partido Conservador, assumiu o controlo do acordo.
Como um deputado do parlamento disse: "Este acordo já está morto na água."
O grande problema dos adversários políticos de May é que não têm uma alternativa credível, nem pessoal nem politicamente.
Por estes dias, em Westminster, parece não haver maioria para qualquer plano sobre o Brexit.
E toda uma classe política parece estar presa entre a incompetência e a insegurança.
O que nos traz de volta ao acordo negociado, que está sobre a mesa e que pode mesmo ser o melhor que a Grã-Bretanha vai conseguir, afinal.
Vamos então dar uma olhadela aos pontos principais para entender melhor o que está em jogo.
Muitos analistas sugeriram que, depois desta semana, os dias de Theresa May no número 10 de Downing Street estavam contados.
No entanto, a primeira-ministra britânica demonstrou uma extraordinária resiliência perante o assédio político quase constante desde que assumiu o cargo após o referendo Brexit, há mais de dois anos.
Outra mulher feita da mesma fibra é a alemã Angela Merkel.
Após 13 anos como chanceler, anunciou recentemente a sua retirada gradual da política, assumindo parte da responsabilidade por uma série de derrotas eleitorais do partido.
Esta semana, teve uma montra única para estruturar o seu legado político, enquanto ainda está no cargo por mais três anos.
No Parlamento Europeu, em Estrasburgo, Merkel expôs a sua visão para o futuro da Europa, atacando as forças do nacionalismo, populismo e fanatismo.
E fê-lo de forma educada e despretensiosa. Ora veja.
E agora vejamos a agenda da próxima semana.
O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas reúne-se em Genebra. Entre outros tópicos, há um fórum sobre parlamentos como promotores da Democracia e do Estado de Direito.
Na terça-feira, os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia reúnem-se em Bruxelas para rever as iniciativas políticas em matéria de segurança e defesa e da cooperação União Europeia - NATO.
Também na terça-feira, em Viena, começa uma conferência internacional sobre antissemitismo, organizada pelo governo austríaco.
Como vimos, esta foi uma semana extraordinária para as mulheres na política europeia.
E por coincidência, fez 100 anos que a Alemanha deu o direito de voto às mulheres.
Numa cerimónia em Berlim, a chanceler Merkel elogiou o progresso político e na sociedade ao longo dos anos, mas também reclamou que esse mesmo progresso continua a ser penosamente lento.
Por exemplo, sublinhou que o objetivo deve ser a paridade entre mulheres e homens nos parlamentos alemães.
A realidade, no entanto, é que a Alemanha está a regredir neste aspeto.
Na última legislatura do Bundestag, 37% dos deputados eram mulheres.
Agora, são apenas pouco mais de 30%, o que coloca a Alemanha ao mesmo nível do Sudão.
Numa nota mais positiva, Merkel disse que hoje já ninguém ri de uma menina quando esta diz que quer tornar-se chanceler.
Algumas crianças, até se perguntam se um homem pode ser chanceler da Alemanha...