Presidente francês quer desenvolver Europa soberana, livre no palco internacional e "mestre do próprio destino"
França assume, a partir de hoje, a presidência rotativa da União Europeia (UE), substituindo a Eslovénia.
Um desafio adicional para o presidente Emmanuel Macron, em ano de eleições presidenciais francesas.
Em dezembro, tornou claras as prioridades para a presidência europeia.
"Se tivesse de resumir, numa frase, o objetivo da presidência francesa da União Europeia (UE) - que decorrerá entre 1 de janeiro e 30 de junho - diria que precisamos de passar de uma Europa de cooperação dentro das nossas fronteiras, a uma Europa poderosa no mundo, soberana, livre nas suas escolhas e mestre do próprio destino", anunciou, na altura, o presidente francês Emmanuel Macron.
Macron entende que a soberania europeia deve passar por uma reforma do espaço Schengen, que permite a livre circulação de pessoas no bloco comunitário.
"A primeira coisa a fazer será estabelecer uma orientação política de Schengen. Em segundo lugar, queremos criar um mecanismo de apoio fronteiriço de emergência para a eventualidade de uma crise", acrescentou o presidente francês.
Enfoque social e no clima
Confrontado com a crise económica gerada pela pandemia de Covid-19, o Emmanuel Macron quer também dar um enfoque social à sua ação política.
Para o mês de março está prevista uma cimeira adicional para discutir um novo modelo de crescimento.
O presidente francês quer ainda avançar para a criação de um salário mínimo na Europa e fomentar o desenvolvimento de indústrias fortes em alta tecnologia, saúde, defesa e meio ambiente.
O clima também consta da agenda e, neste campo, Paris quer avançar nas discussões sobre o Mecanismo de Ajustamento das Emissões de Carbono nas Fronteiras (CBAM, no acrónimo em inglês).
Algumas vozes críticas dizem que o programa é mais um projeto a vários anos do que um projeto semestral.
Os observadores apontam para o papel que a presidência rotativa pode ter como plataforma para Emmanuel Macron.
"Esta presidência semestral no fim do mandato presidencial de Emmanuel Macron é uma oportunidade de semear ideias para os próximos anos, de lançar orientações políticas e de tentar remodelar um pouco mais a Europa pós-pandémica, a Europa com um novo governo alemão, numa nova direção em relação ao que tem sido nos últimos anos", sublinhou, em entrevista à Euronews, Eric Maurice, da Fundação Robert Schuman.
O semestre europeu será ensombrado pela campanha eleitoral da próxima primavera em França para as presidenciais.
Entre o fim de março e abril, as autoridades francesas estarão mais focadas no cenário nacional.
No entanto, o trabalho dos diplomatas em Bruxelas vai continuar, mais nos bastidores e menos sob os holofotes.