Pela primeira vez em cinco anos, o presidente da China, Xi Jinping, fez uma viagem à Europa. No programa está, ainda, em destaque, o aumento da intolerância religiosa na Europa, com uma entrevista a Ilan Cohn, diretor da HIAS Europe.
Xi Jinping começou o seu périplo em França, seguiu para a Hungria e, depois, para a Sérvia, sendo os governos dos dois últimos países próximos do regime da Rússia.
No caso da reunião com o presidente francês, Emmanuel Macron, e com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, - que se deslocou a Paris -, Xi falou, sobretudo, de atritos comerciais e sobre a situação na Ucrânia.
A guerra neste país é uma preocupação particular para a Europa, uma vez que o governo de Pequim aumentou, recentemente e de forma drástica, a venda à Rússia de peças de dupla utilização, que podem ser utilizadas em mísseis e drones.
“Contamos com a China para usar toda a sua influência sobre a Rússia para acabar com a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia. O presidente Xi desempenhou um papel importante na redução das ameaças nucleares irresponsáveis da Rússia e estou confiante de que o pesidente Xi continuará a fazê-lo", disse Ursula von der Leyen.
A visita de Xi à Europa ocorreu num momento de incerteza geopolítica, num contexto de crescente violência política na Europa, face ao aproximar das eleições europeias de junho.
Antissemismo e islamofobia em alta
Além de ataques a políticos, aumentaram, ainda, os casos de violência religiosa, contra judeus e muçulmanos, também devido à tensão criada pela guerra entre Israel e o Hamas, na Faixa de Gaza.
Esta semana, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, salientou este facto, mas ressaltou que a violência contra os muçulmanos estava a receber menos atenção: “Há uma distinção na Europa em termos de combate aos crimes de ódio. (…) Infelizmente, a sensibilidade demonstrada contra o antissemitismo não é a mesma nos ataques decorrentes da islamofobia e do racismo.”
O ódio aos judeus e aos muçulmanos atingiu níveis preocupantes, revela um estudo realizado pela Universidade de Telavive (Israel), que menciona, por exemplo, uma tendência global de incidentes antissemitas, mesmo antes do ataque do Hamas contra Israel e da guerra em Gaza.
Isto torna muito difícil o trabalho das organizações não-governamentais em prol da tolerância na Europa, como explicou Ilan Cohn, diretor da HIAS Europe, a filial europeia de uma das organizações de refugiados mais antigas do mundo.
A organização tem promovido o diálogo inter-religioso através do Projeto Vizinhos, financiado pela UE, em várias cidades europeias, numa tentativa de aproximar judeus e muçulmanos.
"Após o ataque de 7 de outubro, penso que houve muita preocupação dentro do consórcio do projecto de que não seríamos capazes de continuar os investimentos na construção de coligações, os investimentos em visitas uns aos outros. E tínhamos medo de que tudo isso acabasse, mas foi o contrário. O que vimos é que as amizades e o relacionamento que foram criados através do projeto, nos dois primeiros anos, realmente ajudaram a sustentar o processo", explicou.