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Quem quer impedir as pessoas de irem às urnas nas eleições europeias e porquê?

Os boletins de voto estão num caixote do lixo numa assembleia de voto em Paris, no domingo, 26 de maio de 2019.
Os boletins de voto estão num caixote do lixo numa assembleia de voto em Paris, no domingo, 26 de maio de 2019. Direitos de autor Copyright 2019 The Associated Press. All rights reserved
Direitos de autor Copyright 2019 The Associated Press. All rights reserved
De  Cynthia KroetRomane Armangau
Publicado a
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Artigo publicado originalmente em inglês

Os eleitores europeus estão a ficar desanimados com as campanhas de última hora nas redes sociais. A Euronews analisa vários países da UE onde este fenómeno foi observado e averigua se funcionou.

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O Parlamento Europeu alertou para o facto de estarem a ser divulgadas campanhas de última hora nas redes sociais com o objetivo de desencorajar as pessoas a votar nas eleições europeias desta semana.

Analisamos alguns exemplos que circulam por todo o bloco e averiguamos se são eficazes.

Itália: ficar em casa

Um movimento abstencionista parece estar a crescer em Itália. Sob as hashtags (etiquetas na tradução para português) #iononvoto (não voto) e #iorestoacasa (fico em casa), milhares de utilizadores da rede social X indicam que não vão participar nas eleições e rejeitam o sistema político. De acordo com um porta-voz do Parlamento Europeu que identificou e denunciou este movimento, o objetivo é dissuadir outros cidadãos de irem às urnas este sábado e domingo.

"É uma narrativa que vimos durante as eleições passadas e que se repete, de que as eleições não seriam livres e justas", disse o porta-voz. De facto, esta hashtag já foi utilizada anteriormente nas eleições nacionais de 2014 e 2022.

Estas mensagens são frequentemente acompanhadas de montagens fotográficas ou em vídeo com o objetivo de ridicularizar os políticos e os partidos. Embora o conteúdo varie, alguns temas recorrentes incluem a rejeição da UE, a hostilidade em relação aos migrantes, a desconfiança em relação às vacinas e a recusa de enviar tropas italianas para ajudar a Ucrânia, sugerindo assim uma possível intervenção russa.

Alguns exemplos de publicações com as hashtags #iorestoacasa e #iononvoto
Alguns exemplos de publicações com as hashtags #iorestoacasa e #iononvoto X

Alemanha: assinalar a caixa (certa)

Os eleitores alemães foram alvo de imagens no TikTok que os instruem sobre a forma de marcar os seus boletins de voto nas eleições europeias. As publicações avisam que uma cruz que caiba dentro do círculo está correcta e será contada, enquanto uma cruz que se estenda para além dos limites está errada e será desqualificada. Segundo alguns relatos, trata-se de uma conspiração contra o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), tal como já tinha escrito a Euronews.

Segundo estas informações falsas, os funcionários eleitorais estariam a verificar se os votos a favor do AfD cabem dentro do círculo e não excedem as margens; caso contrário, serão considerados nulos. No entanto, a lei eleitoral alemã diz que os eleitores podem marcar os seus boletins de voto colocando uma cruz no círculo ou "de outra forma".

Outra questão relacionada com o voto por correspondência causou confusão: algumas mensagens no X afirmam que os boletins de voto com cantos cortados são inválidos. No entanto, isto também é falso. A lei eleitoral alemã estipula que os boletins de voto por correspondência são cortados nos cantos para facilitar a vida às pessoas com deficiência visual.

Espanha e França: Voto nulo

A desinformação nem sempre é organizada a partir do estrangeiro e pode ter origem em iniciativas individuais com intenções humorísticas ou enganadoras. Um grande quantidade de utilizadores espanhóis partilhou com os seus seguidores uma "técnica" que supostamente permite o "voto duplo". Afirmavam que, inserindo dois boletins de voto no envelope e acrescentando uma nota percentual escrita à mão, seria possível dividir o seu voto entre dois partidos.

Este truque não é eficaz, porque torna o voto nulo. As fotografias que acompanham os boletins mostram sempre um voto dividido entre o Partido Popular (PPE) e o Vox (ECR) e provêm de contas de utilizadores que anteriormente apoiavam posições de esquerda - o que indica que pretendem enganar os eleitores de direita.

False dual vote
False dual voteX

Em França, enquanto a causa pró-palestiniana é um tema proeminente na campanha do partido de extrema-esquerda La France Insoumise, críticos do partido sugeriram acrescentar um desenho de uma bandeira palestiniana no boletim de voto para mostrar o seu apoio. Esta sugestão enganadora, humorística ou maliciosa, foi denunciada por alguns utilizadores do X, bem como por responsáveis do partido, incluindo o deputado Manuel Bompard, que chamou a atenção para a autora de um dos tweets, acusando-a de tentar "enganar os eleitores". O resultado seriam votos nulos.

Interferência estrangeira

Para além destes esforços internos para espalhar a confusão, a desinformação relacionada com a UE por parte de atores estrangeiros está a atingir os níveis mais elevados de sempre.

O Observatório Europeu dos Meios de Comunicação Digitais (EDMO), uma rede independente de verificação de factos, publicou um estudo na terça-feira que mostra que a desinformação sobre as políticas ou instituições da UE representou 15% de todos os casos detetados em maio - o valor mais alto dede que começaram a rastrear a desinformação na UE em 2023.

No entanto, a Meta - que detém o Instagram e o Facebook - afirmou no seu relatório sobre ameaças publicado no final do mês passado que as tentativas maliciosas de influenciar os utilizadores nas suas plataformas se centraram principalmente nas eleições locais e não nas próximas eleições europeias. A gigante tecnológica afirmou não ter detetado qualquer prova de que estes grupos estivessem a ganhar força entre os utilizadores.

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