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Milhares manifestaram-se em Paris para boicotar extrema direita nas urnas

Manifestantes cerram os punhos durante uma concentração na praça da República, num protesto contra a extrema-direita, quarta-feira, 3 de julho de 2024, em Paris.
Manifestantes cerram os punhos durante uma concentração na praça da República, num protesto contra a extrema-direita, quarta-feira, 3 de julho de 2024, em Paris. Direitos de autor Thomas Padilla/Copyright 2024 The AP. All rights reserved.
Direitos de autor Thomas Padilla/Copyright 2024 The AP. All rights reserved.
De  Sophia Khatsenkova
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Milhares de pessoas reuniram-se na Praça da República, em Paris, em protesto ao final do dia de quarta-feira, para apoiar o bloco de esquerda e denunciar a ascensão da extrema-direita na segunda volta das eleições legislativas, marcada para este domingo.

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Milhares de pessoas reuniram-se na quarta-feira na Praça da República, na capital francesa, para protestar contra os resultados da primeira volta das eleições legislativas francesas, depois de o partido de extrema-direita Rassemblement National(RN) ter obtido o maior número de votos.

Sindicatos, meios de comunicação social independentes e organizações de cidadãos estiveram por detrás da organização desta manifestação, apelando aos eleitores para bloquearem a ascensão da extrema-direita na segunda volta das eleições, marcada para domingo.

Muitos dos presentes receiam que uma vitória da extrema-direita possa restringir as liberdades cívicas, devido ao historial de xenofobia e antissemitismo do RN.

"Se a extrema-direita ganhar, não sei o que será dos meus colegas estudantes estrangeiros, dos com dupla nacionalidade que serão estigmatizados, das pessoas LGBTQ, das pessoas racializadas, o que será das mulheres, porque a extrema-direita é inimiga de todas estas pessoas", disse Salomé Hocquard, Vice-Presidente da União Nacional dos Estudantes de França (UNEF), uma das organizadoras do protesto.

Um apoiante do partido de esquerda  Nova Frente Popular Popular  grita durante a manifestação contra a extrema-direita. Quarta-feira, 3 julho 2024, Paris
Um apoiante do partido de esquerda Nova Frente Popular Popular grita durante a manifestação contra a extrema-direita. Quarta-feira, 3 julho 2024, ParisThomas Padilla/Copyright 2024 The AP. All rights reserved.

Nas sondagens da primeira volta das eleições francesas, o Rassemblement National não tinha votos suficientes para obter a maioria, mas apenas por 9 lugares parlamentares, uma vez que pelas sondagens à boca das urnas , da IPSOS, o Rassemblement National (RN) já terá 280 lugares e precisam de 289 para atingir a maioria. É provável que se juntem a outros partidos para garantir a maioria necessária.

Com este cenário em vista, na terça-feira, os partidos da oposição, como a Nova Frente Popular (NFP) e a coligação Ensemble, do Presidente francês Emmanuel Macron, anunciaram que iriam retirar os seus candidatosnos distritos onde ficaram em terceiro lugar para apoiar outros candidatos mais fortes e opostos ao RN, na votação do próximo domingo.

Esta tática, conhecida como Front Républicain (Frente Republicana), funcionou no passado, quando a extrema-direita era considerada um pária político.

Se os eleitores se mobilizarem em massa, é possível que impeçam o Rassemblement National de obter a maioria absoluta no Parlamento no próximo domingo. Mas o cansaço dos eleitores com o atual Governo pode ser um grande obstáculo. "Compreendo que as pessoas estejam fartas. Estamos todos cansados de votar contra a extrema-direita, em todas as eleições, mas esta não é como nas outras, porque a extrema-direita está às portas do poder e é capaz de ganhar uma maioria absoluta", disse Laïla Idtaleb, representante da Liga dos Direitos Humanos de França (LDH).

Cartaz onde se lê "Derrotámos o fascismo em 1944, podemos voltar a fazê-lo em 2024", durante uma concentração na praça da República. 3 de julho de 2024, Paris
Cartaz onde se lê "Derrotámos o fascismo em 1944, podemos voltar a fazê-lo em 2024", durante uma concentração na praça da República. 3 de julho de 2024, ParisThomas Padilla/Copyright 2024 The AP. All rights reserved.

De acordo com o politólogo Christophe Boutin, os jovens são os que mais se abstêm de votar, enquanto a geração mais velha, com rendimentos mais elevados, é a que mais vota.

Esta análise foi comprovada por Alejandro, 23 anos, criador de conteúdos e residente em Paris, afirmou que não vai votar em nenhuma eleição. "Não vou votar porque, quer seja a extrema-direita ou a esquerda, nada vai mudar. Estão a tentar criar uma divisão para nos separar", disse à Euronews.

Nem todos os presentes na manifestação concordaram com a mensagem geral. Rémi, 61 anos, veio à manifestação por curiosidade, mas é um apoiante convicto do Rassemblement National e à Euronews mostrou-se orgulhoso por ter votado num candidato de extrema-direita na primeira volta. "Votar num partido de extrema-direita é um voto que mostra o descontentamento geral dos franceses, que já não podem viver em segurança devido ao afluxo de imigrantes", disse.

"Esta manifestação não reflecte de forma alguma o estado de espírito dos franceses. São apenas algumas pessoas que se juntaram, mas as pessoas no coração de França, no campo, pensam de forma diferente. E são muito mais numerosas do que o que se está a passar aqui", explicou antes de debater com um jovem estudante de esquerda.

O Rassemblement National venceu a primeira volta da eleições europeias de 2024 em mais de 32.000 dos 35.000 municípios franceses, enquanto as grandes cidades como Paris e Lyon a tendência foi votar em candidatos de esquerda.

Já na noite da primeira volta das eleições um grupo de pessoas apoiantes da esquerda tinham saído à rua para se manifestarem contra os resultados.

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