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Europa gastou mais com petróleo e gás russos do que com ajuda à Ucrânia, como afirma Trump?

O Presidente Donald Trump discursa numa sessão conjunta do Congresso no Capitólio, em Washington, na terça-feira, 4 de março de 2025.
O Presidente Donald Trump discursa numa sessão conjunta do Congresso no Capitólio, em Washington, na terça-feira, 4 de março de 2025. Direitos de autor  Ben Curtis/Copyright 2025 The AP. All rights reserved
Direitos de autor Ben Curtis/Copyright 2025 The AP. All rights reserved
De Mared Gwyn Jones
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O presidente dos EUA diz que a fatura energética europeia para a Rússia excede os seus gastos com a Ucrânia. A Euroverify investiga.

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O presidente dos EUA, Donald Trump, disse ao Congresso americano na terça-feira que "a Europa infelizmente gastou mais dinheiro a comprar petróleo e gás russo do que gastou na defesa da Ucrânia - de longe".

Não é a primeira vez que Trump acusa a Europa de alimentar a economia de Moscovo através da compra de combustíveis fósseis e de não gastar o suficiente para reforçar as defesas de Kiev.

O presidente dos EUA também tem repetidamente falhado no montante da assistência financeira que os EUA forneceram à Ucrânia desde o início da invasão, alegando que é muito inferior às contribuições da Europa.

Verificámos a afirmação de Trump de que a Europa gasta mais em energia russa do que em apoio à Ucrânia, comparando-a com os últimos dados disponíveis ao público.

A exatidão das suas afirmações varia consoante se trate da assistência financeira prestada a Kiev pela União Europeia (UE) e pelos seus 27 Estados-Membros, ou pela Europa no seu conjunto.

Quanto é que a Europa gastou em petróleo e gás russos?

Desde a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, a UE impôs uma série de sanções contra os produtos energéticos, numa tentativa de espremer a economia russa e de se desfazer do petróleo e do gás russos, dos quais vários países da UE dependiam antes da guerra.

As sanções incluem embargos totais à importação de carvão e de petróleo de origem marítima.

Mas estas medidas não afetaram os carregamentos de gás natural liquefeito (GNL) russo até a guerra entrar no seu terceiro ano. Os países da UE continuam autorizados a comprar GNL russo, mas estão agora proibidos de o reexportar para outros países.

Os membros da UE Bélgica, França e Espanha continuam a ser os principais pontos de entrada do GNL russo.

Moscovo também tem conseguido contornar as sanções sobre as importações de petróleo através da sua chamada frota-sombra de navios-tanque envelhecidos e em mau estado de conservação, operados por empresas que podem ser rastreadas até ao Kremlin.

Uma investigação do Centro de Investigação sobre Energia e Ar Limpo (CREA) - uma organização independente - sugere que os 27 Estados-Membros da União Europeia compraram mais de 205 mil milhões de euros em combustíveis fósseis russos, incluindo petróleo, carvão e gás, desde o início da invasão em grande escala em 2022.

O relatório anual da UE sobre o estado da União da Energia, publicado em setembro passado, revela que ainda dependia da Rússia para quase um quinto (18%) do seu abastecimento de gás, mesmo depois de a guerra ter entrado no seu terceiro ano.

Segundo o CREA, no terceiro ano de guerra, os países da UE pagaram 21,9 mil milhões de euros a Moscovo pelo seu petróleo e gás, reduzindo o volume das suas exportações em apenas 1% em relação ao ano anterior.

Outros países não europeus, como o Reino Unido e a Noruega, eram muito menos dependentes dos produtos energéticos russos antes da invasão. Estes países praticamente eliminaram as importações de energia de Moscovo, apesar das alegações de que o petróleo bruto continua a chegar às suas economias através de uma lacuna na legislação que permite que o petróleo proveniente da Rússia seja reexportado através da Índia, da China e da Turquia.

Como é que isto se compara com a ajuda à Ucrânia?

Se compararmos os dados do CREA sobre a compra de combustíveis fósseis com os números do apoio à Ucrânia fornecidos pelo executivo da UE, podemos concluir que a afirmação de Trump de que a UE gastou mais em combustíveis fósseis russos do que em assistência financeira à Ucrânia é correta.

De acordo com a Comissão Europeia, o total do apoio financeiro, militar e humanitário da UE à Ucrânia ascende a 133,4 mil milhões de euros.

Este valor é 35% inferior ao montante estimado gasto com as importações de combustíveis fósseis russos.

Contactámos o executivo da UE para confirmar estes números, mas não obtivemos resposta a tempo da publicação deste artigo.

O CREA revelou recentemente em que as importações de combustíveis fósseis russos pela UE no terceiro ano da invasão, que ascenderam a 21,9 mil milhões de euros, ultrapassaram os 18,7 mil milhões de euros de ajuda financeira enviada à Ucrânia no mesmo período.

Mas a comparação muda quando se olha para a ajuda europeia à Ucrânia como um todo.

O Instituto de Kiel para a Economia Mundial, que acompanha toda a ajuda à Ucrânia, estima que o montante total de apoio financeiro atribuído pelas instituições da UE e por todos os países membros da UE é superior às estimativas do executivo da UE, atingindo 202,6 mil milhões de euros.

Se acrescentarmos o apoio de outras nações europeias, como o Reino Unido, a Noruega, a Islândia e a Suíça, esse valor atinge 247,37 mil milhões de euros, dos quais 132,3 mil milhões já foram atribuídos.

Se se entender que Trump se está a referir às dotações financeiras europeias no seu conjunto, a sua afirmação pode ser considerada enganadora.

O que estão os países europeus a fazer para reduzir a dependência da energia russa?

A União Europeia afirma ter reduzido significativamente as exportações de energia russas desde a invasão.

A quota do gás russo nas importações da UE caiu de 45% em 2021 para 18% em junho de 2024, o que significa que as exportações de gás dos EUA para a UE aumentaram significativamente.

Os pacotes de sanções mais recentes têm como objetivo impedir o Kremlin de contornar essas sanções.

O CREA afirma que sanções mais rigorosas que anulam as contramedidas russas podem reduzir as receitas do Kremlin em 20% ao ano, sufocando significativamente a sua capacidade de financiar a guerra na Ucrânia.

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