A Comissão Europeia está a propor a suspensão do acesso de Israel ao fundo de investigação Horizonte da UE, em consequência do agravamento da crise humanitária em Gaza.
A Comissão Europeia está a considerar a possibilidade de suspender o acesso de Israel ao programa de investigação e inovação Horizonte Europa da UE, em resposta às acções em curso de Israel em Gaza, segundo várias fontes da UE familiarizadas com a questão.
Os comissários da UE reúnem-se hoje para discutir a medida em resposta ao facto de Israel não ter implementado um acordo negociado para melhorar "substancialmente" o acesso a alimentos e medicamentos para os palestinianos em Gaza.
"A suspensão parcial do programa Horizon será discutida hoje no Colégio de Comissários", confirmou uma fonte de alto nível da UE à Euronews.
Até há pouco tempo, os comissários europeus recusavam-se a apoiar qualquer ação contra Israel.
Se for aceite pela Comissão, a proposta será discutida e potencialmente votada pelos Estados-Membros na terça-feira, altura em que os embaixadores dos 27 Estados-Membros se reunirão.
Suspender Israel do programa Horizonte foi uma das dez opções apresentadas à Comissão Europeia e aos Estados-Membros na sequência de um relatório que confirmava que Israel estava a violar o direito internacional devido à terrível situação dos civis nos territórios palestinianos.
A suspensão parcial do programa Horizon não exigiria o apoio unânime de todos os 27 países e é pouco provável que países como a Áustria, a Alemanha, a Hungria e a República Checa apoiem a tomada de medidas contra Israel.
Trata-se de uma proposta da Comissão para que os Estados-Membros "suspendam parcialmente o acordo entre a UE e Israel sobre a participação de Israel no programa Horizonte Europa", afirmou a fonte.
"É evidente que a situação em Gaza nos últimos dias continua a ser terrível e, apesar de estar a chegar mais ajuda, a distribuição tem sido mortal", afirmou a fonte.
Em 10 de julho, a UE negociou uma melhoria "significativa" do acesso da ajuda humanitária a Gaza, incluindo um aumento do número de camiões de alimentos, e um acordo para "proteger a vida dos trabalhadores humanitários", depois de a Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Kaja Kallas, ter enviado uma delegação a Telavive, incluindo Christophe Bigot, Enviado Especial da UE para o Médio Oriente.
A ONU estima que mais de 1000 pessoas tenham sido mortas só nos locais de distribuição de alimentos e que dezenas tenham morrido de fome nos últimos dias.
"Espero que estejam a discutir medidas concretas e não apenas a situação em Gaza. Precisamos de ação e não de mais declarações sobre o quão terrível é a situação", disse outro diplomata da UE próximo do assunto.
"A concentração numa opção obriga os Estados-Membros a tomarem uma decisão. Não tenho a certeza do impacto económico que isto terá em Israel, mas mostra que a pressão política está realmente a aumentar", disse este diplomata, acrescentando que considera que a Comissão "lavou as mãos do assunto" até agora.