Investigadores defendem que é necessário avaliar melhor os riscos e benefícios do uso de medicamentos para emagrecer na altura da gravidez.
Mulheres que interrompem a toma de medicamentos para emagrecer antes da gravidez, ou no início desta, tendem a ganhar mais peso e a ter mais problemas de saúde, conclui uma nova análise.
Segundo um estudo publicado na revista JAMA , em comparação com as mulheres que nunca tomaram estes fármacos, as que tomam parecem ter maior risco de parto prematuro, diabetes e doenças hipertensivas associadas à gravidez, como a pré-eclâmpsia.
Fármacos de grande sucesso contra a obesidade e a diabetes, como o Ozempic e o Wegovy, fazem parte de uma classe de medicamentos conhecida como agonistas do recetor do peptídeo semelhante ao glucagão tipo 1 (GLP-1), que ajudam a perder peso ao imitarem uma hormona que reduz o apetite.
As pessoas muitas vezesrecuperam peso quando deixam estes medicamentos, mas mulheres grávidas não devem tomá-los. Isso suscitou debate sobre como ajudar as mulheres a descontinuarem os fármacos na altura em que têm filhos, sem aumentar outros riscos de saúde associados à diabetes ou à obesidade.
"A popularidade dos medicamentos para emagrecer aumentou de forma acentuada, mas as recomendações apontam para a sua interrupção antes da gravidez porque não há informação suficiente sobre a sua segurança para os fetos", disse Jacqueline Maya, autora principal do estudo e endocrinologista pediátrica no hospital Mass General Brigham for Children.
"Procurámos avaliar de que modo essa interrupção afeta o ganho de peso e os desfechos durante a gravidez", acrescentou em comunicado.
A equipa de Maya analisou dados de saúde de quase 1.800 gravidezes entre 2016 e 2025, maioritariamente em mulheres com obesidade.
As mulheres que interromperam os medicamentos GLP-1 antes da gravidez, ou no início desta ganharam, em média, mais 3,27 quilogramas durante a gravidez do que as que não tomaram os fármacos, concluiu o estudo.
O grupo do GLP-1 apresentou também um risco 32% superior de ganhar mais peso do que o recomendado durante a gravidez, um risco 30 % superior de diabetes, um risco 29% superior de doenças hipertensivas e um risco 34 % superior de parto prematuro.
Segundo o estudo não houve diferenças no risco de cesariana nem no peso ou comprimento dos bebés à nascença.
A endocrinologista Camille Powe, coautora do estudo e médica no Mass General Brigham, disse ser necessária mais investigação para avaliar os prós e os contras de tomar medicamentos para emagrecer na altura da gravidez.
"Precisamos de fazer mais investigação para encontrar formas de ajudar a gerir o ganho de peso e reduzir os riscos durante a gravidez quando se interrompem os medicamentos GLP-1", disse.