Quem pretenda viajar para destinos fora da União Europeia pode ter a vida mais dificultada no controlo de passaportes. Passageiros relatam caos no aeroporto que coincide com a implementação no novo sistema europeu de controlo de fronteiras que, segundo as autoridades, "foi um sucesso".
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Quem tiver de apanhar voos internacionais a partir do aeroporto de Lisboa pode enfrentar dificuldades por estes dias, já que a saída de passageiros não tem sido fácil devido à implementação do novo sistema de entrada/saída de passageiros.
Com voo com destino a Miami, Ricardo Santos contou à Euronews que esperou quase duas horas para o controlo do passaporte. Ricardo e a família chegaram às 7:30 desta terça-feira ao aeroporto e entrararam às 9:30 na zona internacional de embarque, para apanharem o voo previsto para as 10:30.
"Eles recomendam-nos vir com três horas de antecedência. Neste momento, o aeroporto não consegue processar as pessoas em três horas, principalmente se não forem cidadãos da União Europeia", explicou. As filas são longas, até para distinguir passageiros comunitários e extracomunitários: "O caos está instalado dos dois lados. Não se consegue chegar à divisão das filas", indicou.
Ricardo detalhou a confusão na zona de controlo do passaporte: "Crianças, grávidas, pessoas em cadeiras de rodas, ninguém consegue chegar à zona prioritária. Não há ajuda de ninguém", explicou, indicando que assistiu a pequenos incidentes de alguma "violência" com várias pessoas "exaltadas" no local.
"Um cenário um bocadinho caótico", reforçou. Ao longo da manhã, as filas foram longas, como relatam nas redes sociais outros passageiros que passaram pelo aeroporto de Lisboa.
O problema não é novo, até porque o aeroporto Humberto Delgado é conhecido pelos atuais problemas de sobrelotação: um aeroporto pequeno para a quantidade de pessoas que todos os dias o utilizam.
Ainda assim, a situação agravou-se nos últimos dias, nomeadamente o escoamento dos passageiros com voos internacionais, logo após a implementação do sistema europeu de controlo de fronteiras para cidadãos extracomunitários.
Sabe a Euronews que estão a ser registadas várias dificuldades no sistema automatizado, nomeadamente ao nível das boxes de controlo e também nos Rapid - o equipamento eletrónico que realiza de forma automática os procedimentos de Controlo de Fronteira.
ANA confirma "lentidão"
A ANA Aeroportos confirmou à Euronews que foram registadas demoras nas partidas, nomeadamente da parte da manhã, que entretanto foram resolvidas, confirmando a "lentidão dos processos".
A empresa já deixou um avisou no site do aeroporto de Lisboa que indica possíveis atrasos. "Voos não-Schengen com possíveis demoras devido a alterações no Controlo de Fronteira. Recomendamos chegada ao aeroporto com antecedência", é possível ler no aviso.
Fonte conhecedora dos processos de segurança aeroportuários explica à Euronews que, apesar de pretender simplificar os procedimentos, este sistema pode complicá-los à luz do problema da lotação.
Antes, e a título excecional, as autoridades portuguesas podiam fazer o controlo manual dos passaportes. Isto aconteceria nas saídas de forma a não sobrecarregar o sistema, algo que não é possível agora, uma vez que "todos os movimentos têm de ir ao sistema" e ser registados informaticamente. A mesma fonte ressalva, no entanto, que se trata de uma tecnologia nova que pode enfrentar os problemas normais que a fase de implementação implica, como a atualização e modernização dos equipamentos necessários.
O Sistema de Entrada/Saída (EES) foi lançado no domingo “com sucesso em todos os 29 Estados-membros do espaço Schengen”, segundo informou na segunda-feira o Sistema de Segurança Interna (SSI) em comunicado.
"Portugal destacou-se a nível europeu, com 10.774 passagens registadas, das quais 10.749 em fronteiras aéreas e 25 em fronteiras marítimas", lê-se na declaração.
A PSP, responsável pelos controlos fronteiriços aeroportuários, não confirmou as dificuldades do sistema nem as filas relatadas, remetendo mais informações para o SSI.
Contactado pela Euronews, a o Sistema de Segurança Interna indicou que "não existem anomalias" na impletamentação do novo sistema nem foram registadas "mais filas do que havia" anteriormente.
A PSP indica que o EES "aplica-se a todos os viajantes de países terceiros (não cidadãos da União Europeia) que entram no espaço Schengen para estadias de curta duração – até ao limite de 90 dias, num período de 180 dias consecutivos – independentemente de necessitarem ou não de visto".
"Este novo sistema representa um avanço na segurança, eficiência do controlo fronteiriço e gestão automatizada das entradas e saídas no espaço Schengen", afirma a Polícia de Segurança Pública.