A Euronews pediu aos Líderes das bancadas que elencassem os "altos e baixos" no Parlamento Europeu, quando se despedem da 9ª legislatura.
Manfred Weber - Partido Popular Europeu (PPE)
Questionado a relembrar o maior sucesso do mandato, o presidente do grupo de centro-direita (PPE) relembrou o rescaldo da pandemia Covid-19.
“A maior conquista foi reiniciar o motor económico europeu depois da crise pandémica. O Fundo de Resiliência de Recuperação foi, com certeza, a decisão mais importante neste mandato”, explicou, lembrando o instrumento financeiro de 723,8 mil milhões de euros, criado a partir de emissão de dívida conjunta pela UE.
Weber nomeou, também, as medidas tomadas para conter as alterações climáticas, apesar do PPE ter, recentememte, atacado várias áreas do Pacto Ecológico Europeu**,** uma estratégia para conter o aumento das temperaturas globais.
Sem surpresa, o maior fracasso do Parlamento, segundo Weber, foi a decisão de não defender o chamado processo Spitzenkandidaten, segundo o qual cada partido apresenta um candidato principal para se candidatar à presidência da Comissão Europeia.
O próprio Weber foi afastado pelos líderes da UE que, em 2019, escolheram Ursula von der Leyen para o cargo, sm que esta fosse sequer membro das listas do partido.
“Nós (o parlamento) cometemos um grande erro ao não apoiar a ideia do Spitzenkandidaten, a ideia de ter uma Europa democrática onde as pessoas saibam antes de irem às eleições quem será o candidato”, explicou, censurando os seus parceiros de coligação por não apoiarem a ideia.
Iratxe García Pérez - Socialistas e Democratas (S&D)
Para a presidente do centro-esquerda, o mandato ten tantos sucessos que é difícil selecionar só um: “Tem sido uma legislatura muito intensa, excecional e extraordinária”, afirmou, enumerando o Brexit, a recuperação pós-pandemia e a resposta da UE à guerra na Ucrânia como grandes conquistas.
“Conseguimos responder a todos esses desafios mantendo o foco nas prioridades da Europa: estimulando a agenda ecológica, o Estado de direito e todas as políticas necessárias para manter o pilar social europeu”, disse.
A líder da bancada também saudou a primeira lei da UE para combater a violência contra as mulheres, aprovada na quarta-feira, como uma conquista importante, apesar de não incluir quaisquer disposições sobre violação após resistência dos Estados-membros.
Quando questionado sobre os pontos baixos do mandato, García Pérez enunciou o fracasso do bloco em concluir a contestada Lei da Recuperação da Natureza, que visa reverter a perda de biodiversidade terrestre e marítima em pelo menos 20%, até ao final da década. O projeto de lei está atualmente à beira do colapso, perdendo apoio dos governos dos Estados-membros.
Philippe Lamberts - Os Verdes
O co-presidente do grupo dos Verdes, que se despediu emocionadamente do hemiciclo na quarta-feira, após 15 anos como eurodeputado, disse à Euronews estar muito orgulhoso das conquistas do parlamento na formação do Pacto Ecológico, que disse serem “os primeiros passos apenas na transição da UE na tentativa de cumprir (...) a nossa parte no respeito pelos limites do planeta”.
“Está longe de estar completo, apesar do que muitos dizem”, acrescentou, num claro aceno aos grupos de direita no parlamento.
A primeira de duas falhas do ponto de vista de Lamberts foram as novas regras fiscais, destinadas a voltar a controlos mais apertados na sequência de regras mais frouxas pós-pandemia. O eurodpeutado descreveu as novas normas como uma “camisa de força fiscal” que tornará o Pacto Ecológico e o apoio à Ucrânia “financeiramente impossíveis”.
Também rejeitou o pacto de asilo e migração, a revisão abrangente da política de migração e asilo da UE, que acredita que “não resolverá nada” e está “apenas a fazer uma piada com os valores europeus”.
Nicola Procaccini - Conservadores e Reformistas Europeus (CRE)
O co-presidente do grupo conservador CRE saudou a resposta do parlamento à invasão da Ucrânia pela Rússia como um dos maiores sucessos do mandato.
“Nesse momento, a União Europeia compreendeu o perigo”, explicou, saudando o pacote 13 de sanções contra a Rússia e as doações sem precedentes do bloco de ajuda económica e militar.
Acrescentou que se a UE não tivesse apoiado inabalavelmente o povo da Ucrânia, o bloco teria arriscado desencadear uma cadeia de eventos que poderia ter “incendiado toda a Europa”.
Para Nicola Procaccini, desenvolver o Pacto Ecológicol “sem interagir com as pessoas” foi o maior erro do parlamento. No manifesto acordado na terça-feira, o seu grupo prometeu virar o Pacto "de cabeça para baixo".
Marco Zanni - Identidade e Democracia (ID)
Para o grupo de extrema-direita do parlamento, a maior vitória do mandato foi ter trazido as suas prioridades para a agenda, apesar de ser um “grupo minoritário”, disse o seu presidente à Euronews.
Zanni nomeou a imigração, a “proteção” dos agricultores e uma “abordagem mais pragmática” ao Pacto Ecológico como algumas das questões que conseguiram moldar.
“Em suma, conseguimos modificar a agenda do parlamento”, alegou.
Disse que havia “muitos problemas e falhas” no trabalho do parlamento, mas nomeou o “cordão sanitário” de longa data da câmara, que pretende impedir a extrema-direita de exercer muita influência, como a pior delas.
“É uma pena que ainda existam alguns aqui que acreditam que alguns (partidos) devem ser excluídos só porque têm ideias diferentes”, disse Zanni.