O grupo Identidade e Democracia já não tem números para se constituir no Parlamento Europeu, com os seus membros a serem sugados pelos Conservadores e Reformistas Europeus e pelo novo grupo Patriotas pela Europa.
Estes são dias cruciais para a direita radical no Parlamento Europeu. Após a formação oficial do grupo Conservadores e Reformistas, do qual o Fratelli d'Italia faz parte, outros partidos da mesma área política estão a escolher lados.
O crescimento dos conservadores
Os conservadores contam agora com 84 eurodeputados, são de longe o terceiro maior grupo no Parlamento Europeu e pretendem influenciar fortemente as políticas europeias na próxima legislatura, como explica o seu copresidenteNicola Procaccini, que acaba de ser reeleito juntamente com o polaco Joachim Brudziński.
"O peso político deslocou-se visivelmente para a direita e isso fará com que o papel dos Conservadores Europeus seja particularmente estratégico, porque é baricêntrico dentro da realidade política do centro-direita, pelo que, em suma, este alargamento dar-nos-á a oportunidade de sermos particularmente influentes".
Entretanto, os"Patriotas pela Europa" trabalham nos bastidores: a aliança de partidos nacionalistas fundada pelo primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, juntamente com soberanistas checos e austríacos, precisa de novos membros para formar um grupo político. Entre os candidatos estão forças políticas que fazem atualmente parte de outro grupo, Identidade e Democracia, incluindo a Liga e o Rassemblement National.
O fim do Identidade e Democracia e as estratégias de Le Pen e Salvini
A saída dos eurodeputados de Matteo Salvini e Marine Le Pen sancionaria a dissolução do grupo Id, que já não tem os números mínimos para se constituir, ou seja, 23 eurodeputados de pelo menos sete Estados-Membros. Depois da saída dos seis eurodeputados do Partido da Liberdade austríaco, que foram fundar o grupo Patriotas pela Europa, o único eurodeputado estónio do grupo, que migrou para os Conservadores e Reformistas Europeus, também deixou o Id.
Os dois deputados portugueses do Chega, também destinados ao novo grupo Patriotas, sairão em breve. Poderão ser seguidos por outras delegações mais pequenas, tanto do Id como do grupo dos Não-inscritos.
Alguns destes partidos têm uma abordagem muito pragmática. Precisam de um grupo para ter papéis no Parlamento, liderar comissões e receber dinheiro", diz Francesco Nicoli, analista do think tank Bruegel, à Euronews. "Por isso, talvez acabem por chegar a um compromisso. Penso que é mais provável que se juntem ao novo partido de Orban do que ao CRE".
Segundo Nicoli, a Liga tem de marcar a diferença em relação aos Fratelli d'Italia por razões de política interna e, logo, não pode acabar num grupo próprio no Parlamento Europeu. Por isso, o local de aterragem natural (e talvez o único) para o partido de Salvini são os patriotas de Orbán.
Marine Le Pen, por outro lado, poderia seguir uma trajetória política particular, que a aproximaria do grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus, a fim de parecer mais moderada tendo em vista as eleições presidenciais de 2027.
O dia da verdade, porém, será 8 de julho, quando tanto o Patriotas pela Europa como o Identidade e Democracia tiverem marcado a sua reunião constitutiva.