O relatório, entregue ao governo britânico, revela entrevistas a testemunhas e provas fotográficas
O Reino Unido recebeu um relatório que denuncia um alegado encobrimento de ações ilegais por parte da Arábia Saudita durante os ataques aéreos no Iémen.
A análise independente, submetida pela GLAN, Rede Global de Ação Legal, um grupo internacional dedicado a direitos humanos, detalha que as forças armadas sauditas prolongaram os ataques na região do Iémen, de forma ilegal, e não os investigaram de forma independente.
No documento estão incluídas entrevistas a testemunhas e provas fotográficas da altura dos ataques em questão.
Este relatório surge depois do governo britânico receber uma ordem judicial para reconsiderar todas as licenças da exportação de armas para a Arábia Saudita e para os Emirados Árabes Unidos - Armas que foram usadas nos ataques do Iémen.
As provas reunidas no relatório foram obtidas por Arron Merat, jornalista de investigação do Commons.
"O pior é que o governo britânico diz que baseia as decisões em aprovar ou não as vendas de armas à Arábia Saudita com base nas informações fornecidas pela Arábia Saudita", admite Merat.
O jornalista chega mesmo a afirmar que os ataques no Iémen não teriam acontecido, pelo menos da mesma forma, se o Reino Unido não fornecesse o armamento.
"Os sauditas não poderiam fazer isso sem nós", diz Merat.
Sob a lei britânica, é ilegal que o governo autorize a exportação de armas se houver um “risco claro” de que elas possam ser usadas para matar civis deliberadamente ou imprudentemente.
Gearóid Ó Cuinn x Galway, diretor do GLAN, o grupo internacional que revelou o documento, explicou à Euronews que as investigações dos ataques aéreos no Iémen não foram feitas de forma adequada.
"Os Emirados Árabes unidos e a Arábia Saudita não conseguiram investigar adequadamente e, da mesma forma, também negaram que alguns ataques aéreos tivessem acontecido.", admitiu Gearóid Galway, o qual explicou também que o relatório foi entregue ao governo britânico antes da decisão do tribunal.
"Submetemos estas provas ao governo do Reino Unido antes da decisão do tribunal, acreditamos que a única coisa certa a fazer é acabar com o sistema de licença que permite a venda de armas à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes Unidos.", concluiu.
De um lado, a Arábia Saudita acusa os rebeldes Houthi de usarem edifícios civis para se esconderem de ataques aéreos. Do outro, o direito internacional exige que tais ataques sejam proporcionais e justificados.
A Rede Global de Ação Legal diz que vai tem mais provas sobre supostas violações do direito internacional humanitário por parte da Arábia Saudita, e admite que vai revelá-las no final do mês de Agosto.