França luta contra atraso nas vacinas

França luta contra atraso nas vacinas
Direitos de autor  Michel Spingler/Copyright 2021 The Associated Press. All rights reserved
De  Guillaume Petit

Reportagem da euronews num centro de vacinação para profissionais de saúde, em Lyon.

Meses de espera por alguns segundos de injeção: Em Lyon, a alergologista Véronique Boissonet é um dos profissionais de saúde com mais de 50 anos autorizados a levar a vacina num dos 4 centros de vacinação criados há uma semana: "Faço-o por mim, pelos meus pacientes e pela minha família e amigos. Claro que depois disso terei de continuar a usar uma máscara, porque posso ser portadora", conta.

Esta médica espera que os colegas mais jovens se juntem em breve a ela e aos 300 profissionais de saúde que já foram vacinados na segunda maior aglomeração francesa: "Ainda temos médicos e enfermeiros que estão muito expostos à Covid-19 em unidades de cuidados intensivos, têm menos de 50 anos mas têm de se manter saudáveis".

Governo reage a críticas por lentidão

Os profissionais de saúde com mais de 50 anos só deveriam ser vacinados no final de janeiro, depois dos residentes e do pessoal dos lares de idosos. Mas face às críticas que apontavam para a lentidão da campanha de vacinação, o governo francês decidiu acelerar, com o país ainda bastante atrasado em relação aos vizinhos europeus.

A vacinação é precedida por uma consulta médica e não há pressa para os médicos, que preferem reservar tempo para responder a perguntas: "Os profissionais de saúde chamam-nos para fazer perguntas, como se podem tomar a vacina tendo alergias ou tendo já contraído o vírus. Levamos algum tempo a responder-lhes", diz Claudine Pasquet-Wolckmann, médica do trabalho no Hospital da Croix-Rousse em Lyon.

As doses da vacina para a Covid-19 são armazenadas na farmácia do hospital e entregues para satisfazer as necessidades do dia, o que implica ser reativo em termos de logística.

A pandemia está longe de estar sob controlo em França e a vacinação foi também aberta a profissionais privados. Foi criado um centro de vacinação específico, que permite que enfermeiros ao domicílio, farmacêuticos e outros profissionais do setor privado sejam vacinados.

Claire Neel, farmacêutica de 66 anos, está na linha da frente desde o início da pandemia. Ao ser vacinada, espera convencer os mais relutantes, que encontra diariamente: "Algumas pessoas dizem que estamos a ser manipulados, outras vão ainda mais longe e dizem que é tudo falso. Eu digo-lhes que vão em frente, se puderem", diz.

Necessário combater o ceticismo

Mas a relutância pode também ser expressa por uma minoria de prestadores de cuidados, céticos em relação a uma vacina desenvolvida em tempo recorde.

O Professor Christian Chidiac, chefe do departamento de doenças infecciosas do Hospital da Croix-Rousse, explica: "O debate sobre a velocidade do desenvolvimento de vacinas pode ser encerrado agora. Todos os estudos foram feitos corretamente: 44.000 pacientes para o estudo da Pfizer/BioNTech e 33.000 para o da Moderna. O que foi acelerado foi apenas o processo administrativo e burocrático. Por isso, penso que o panorama é tranquilizador. Obviamente, não sabemos o que irá acontecer dentro de 5 anos com as pessoas que foram vacinadas, mas isso é o que acontece com qualquer medicamento novo".

Até agora, não foram observados efeitos adversos, disse a agência nacional francesa de medicina. A próxima fase da vacinação terá início a 18 de janeiro, para os maiores de 75 anos que não vivem nos lares, o que já foi feito no Reino Unido e Itália.

Nome do jornalista • Ricardo Figueira

Notícias relacionadas

Hot Topic

Saiba mais sobre

Covid-19