Papa Francisco inicia viagem ao Iraque

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Direitos de autor Anmar Khalil/Copyright 2021 The Associated Press. All rights reserved.
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De  Giorgia Orlandi
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Visita é importante para o diálogo inter-religioso, mas é criticada devido ao aumento de casos de Covid no país.

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A visita do Papa Francisco ao Iraque, que começa hoje, é a primeira viagem papal em 15 meses e não acontece sem alguma polémica, já que os casos de Covid estão a subir no país e a atingir um recorde de 5000 novas contaminações diárias e muitos temem as aglomerações, mesmo se o vaticano prometeu o respeito rígido das regras sanitárias.

É a primeira vez que um pontífice visita este país muçulmano, maioritariamente xiita, em que existe uma importante comunidade cristã. Um país onde a instabilidade reina desde a queda de Saddam Hussein e onde o terrorismo é um perigo sempre presente.

"É muito arriscado. Em poucos meses vai haver eleições gerais, o clima político é quente e os ataques terroristas estão de volta", diz Franca Giansoldati, perita em questões do Vaticano.

O Papa tem limitado a visibilidade durante os meses da pandemia. Esta é uma oportunidade de regressar aos palcos mundiais. Franca Giansoldati acrescenta: "O Papa não quis cancelar a viagem, apesar dos assessores, no Vaticano, o terem aconselhado a adiar. Sugeriram fazê-la em Outubro, quando as condições no terreno estariam mais estáveis. Mas ele estava determinado em avançar. Penso que isso se deve, também, a querer apoiar a comunidade cristã antes das eleições gerais".

Diálogo inter-fés

O Papa é um adepto empenhado do diálogo inter-fés. Durante a visita a Abu Dhabi, em 2019, encontrou-se com o Sheikh Ahmed al-Tayeb, uma das maiores autoridades religiosas do Islão sunita, com quem assinou um documento que incita ao diálogo entre as duas fés. Agora, no Iraque, espera conseguir o mesmo em relação aos xiitas, com o encontro com o Ayatollah Ali Al-Sistani. 

"Os xiitas iraquianos fizeram saber ao papa que não vão assinar quaisquer documentos. Talvez o Papa estivesse à espera disso, mas o simples facto de se encontrarem já é muito simbólico, sobretudo no Médio Oriente", diz ainda a perita interrogada pela euronews.

O simples facto de o Papa se encontrar com um líder xiita é muito simbólico.
Franca Giansoldati
Perita em questões do Vaticano

O Papa espera, com esta visita, fortalecer o papel da Igreja cristã neste país, dilacerado pela guerra e ainda há poucos anos dominado pelo grupo Estado Islâmico. O Papa quer também exortar os cristãos a ter um papel na reconstrução do país.

Para Gabriele Iacovino, diretor do Centro de Estudos Internacionais (CESI), este "é um novo capítulo, marcado pelo fim da violência sectária, como o Daesh exercia contra as comunidades Yazidi e cristã. É uma forma de retomar o diálogo, no país, com todas estas comunidades".

Durante a visita, o Papa vai celebrar uma cerimónia inter-religiosa no lugar em que nasceu Abraão, considerado o pai das religiões monoteístas e uma das figuras mais importantes tanto para os judeus como para os cristãos e muçulmanos.

Nome do jornalista • Ricardo Figueira

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