Talibãs prometem regime 'suave'

De regresso ao poder no Afeganistão, os talibãs estão apostados em mostrar ao mundo que este novo regime vai ser menos severo que o que vigorou até 2001. Prometem que os opositores, incluindo os que trabalhavam com as tropas estrangeiras, vão ser amnistiados e que os direitos das mulheres vão ser respeitados, que vão poder continuar a trabalhar e a estudar.
As promessas foram deixadas por um membro da Comissão Cultural dos Talibãs, numa intervenção na TV afegã.
"Há uma convergência para uma amnistia geral em todo o Afeganistão para todos, incluindo para os opositores que, sobretudo nos últimos tempos, estiveram nas fileiras dos ocupantes. Todos vão beneficiar desta amnistia, a partir do momento em que aceitem o regime islâmico como um ideal e se submetam ao regime islâmico", disse Enamullah Samangani.
A questão das mulheres, que no anterior regime talibã estavam impedidas de estudar e trabalhar, é uma das que mais têm preocupado a comunidade internacional: "O Emirado Islâmico do Afeganistão não quer que as mulheres continuem a ser vítimas. No quadro da lei islâmica e no respeito pelos valores nacionais e afegãos, estamos prontos a preparar as condições para o regresso das mulheres aos estudos, ao trabalho e a todas as atividades humanas", insiste o representante talibã.
Apesar desta aparente operação de charme, a comunidade internacional teme pela sorte do povo afegão, agora que os radicais voltaram ao poder. No regime que vigorou antes da invasão americana, os talibãs cometeram todo o tipo de atrocidades e atentados contra a cultura, como a destruição dos budas de Bamiyan em 2001, deram abrigo à Al-Qaida, impuseram a burca e negaram às mulheres todo e qualquer direito fundamental.