De barcos a acampamentos no deserto, conheça as tradições qataris que estão a ser mantidas vivas com um toque contemporâneo, para turistas e habitantes locais experimentarem um pouco do passado.
O Qatar tem um rico património tradicional, que ainda hoje pode ser visto na cultura contemporânea: desde o acampamento de Inverno no deserto até à vela em barcos clássicos dhow. Mas como estão estas tradições a ser modernizadas, para que possam ser apreciadas por toda uma nova geração de habitantes locais e turistas? O Qatar 365 foi descobrir.
Acampamentos no deserto
Todos os invernos, nos fins-de-semana, milhares de qataris deixam a cidade para uma fuga no deserto. O governo atribui uma época para campismo e permite a aprovação de novas instalações, dando oportunidade a muitos habitantes locais de instalarem a sua residência temporária no deserto.
Para Jassim Almohammed, esta tradição secular permite também uma ligação com o passado beduíno do Qatar.
"Se olharmos para a história, os nossos antepassados viveram durante muito tempo em tendas. Vimos sempre, todos os fins de semana", conta.
Os acampamentos dispõem de espaços de convívio, campos de voleibol e cozinhas a funcionar em pleno. Abdulrahman Almulla diz que é uma oportunidade de aperfeiçoar as competências essenciais: "Aprendemos a autoconfiança e também praticamos os nossos passatempos e dependemos de nós próprios para cozinhar".
Mas para aqueles que procuram um pouco mais de glamour, o deserto também oferece experiências de cinco estrelas.
"No início, este era apenas um acampamento normal no Qatar. E mais tarde, a fim de satisfazer as exigências dos hóspedes, expandimos e criámos o serviço mais sofisticado para os clientes. Tentámos misturar a hospitalidade tradicional árabe com a hospitalidade moderna", explica Zemri Dauti, gerente do acampamento Regency Sealine.
Modernizar a antiga arte da cerâmica
Outra tradição que está a ser modernizada no Qatar é a cerâmica. Hameed Al Qahtani, fundador do popular estúdio local Ceramic Cube vê o seu projeto como uma incubadora para qualquer um que esteja interessado no artesanato antigo. No ateliê há oficinas para aprender técnicas de cerâmica e olaria, e ainda se vende materiais e peças por medida.
"Sonhamos com eliminar toda a pegada de carbono da produção em massa de cerâmica, recorrendo a todas as pessoas criativas que podem estar na nossa comunidade, seja aqui no Qatar, nos países do Golfo, ou na Europa, para substituir todas estas cerâmicas de produção em massa por algo que tenha alma e que seja feito à mão", revela.
O negócio dos barcos dhow
Durante o século XIX, o mergulho para apanhar pérolas era um grande negócio no Qatar. Até aos anos 40, o comércio de pérolas representava uma parte importante da economia do país, empregando quase metade da população.
Ibrahem Abdullah ganhou a vida como mergulhador e vendedor de pérolas. Hoje explica-nos como são separadas, selecionadas e avaliadas. "O vendedor de pérolas separa as pérolas, recolhe-as, separa-as entre grandes e pequenas e verifica se todas estão em bom estado. E depois há uma balança, que tem de ser equilibrada, e eles pesam as pérolas". Quanto maior a pérola, maior o seu valor.
No passado, os homens que mergulham para a apanha das pérolas iam em missões que podiam durar meses, no oceano, em barcos de madeira conhecidos como dhows.
Atualmente, os barcos são alugados tanto por turistas, como pela população local, ansiosos por um pedaço de história e desfrutar de um dia de navegação no Golfo Arábico.
O mergulho para apanhar pérolas já não é uma fonte primária de rendimento, mas o oceano, a pesca e os barcos dhow ainda ocupam um lugar especial na cultura do Qatar.