Onde pára Yevgeny Prigozhin e para onde se dirigem os mercenários do grupo Wagner é a pergunta que os países membros da NATO vizinhos da Rússia e Bielorrússia se colocam desde sábado.
Os países vizinhos da Bielorrússia estão a rever a segurança das suas fronteiras, depois de o chefe do grupo Wagner ter anunciado um acordo para se exilar no país, pondo fim ao seu "motim" na Rússia.
Na Polónia, o primeiro-ministro e o ministro da Defesa foram inspecionar as tropas no nordeste do país.
Mariusz Blaszczak, ministro da Defesa da Polónia afirmou na ocasião: "Reforçámos as fronteiras, a fronteira com a Bielorrússia e a região de Königsberg. Estamos conscientes destas ameaças e respondemos antecipando os ataques. Afinal, há dois anos que estamos a lidar com um ataque híbrido na fronteira polaca. Os soldados do exército polaco servem na fronteira, reforçando assim a segurança da nossa pátria".
O presidente da Lituânia, Gitanas Nauseda, disse no domingo que a NATO teria de "reforçar" o seu flanco oriental se a Bielorrússia abrigasse Prigozhin e as suas tropas.
A ministra dos Negócios Estrangeiros da Finlândia, Elina Valtonen, disse, por seu turno, que a situação é muito incerta e o governo está atento.
"A situação é delicada e tudo pode acontecer. Continuamos a acompanhar a situação de muito perto", afirmou.
A Finlândia, a Estónia, a Lituânia e a Letónia introduziram medidas coordenadas e reforçadas de controlo das fronteiras com a Rússia e a Bielorrússia.
A tensão na região cresceu ainda mais durante o fim de semana, na sequência dos acontecimentos na Rússia. No final da tarde de sábado, quando se temia um potencial confronto entre as tropas do grupo Wagner e os soldados russos, o serviço de imprensa de Lukashenko emitiu um comunicado onde se lia que o presidente bielorrusso tinha "encontrado uma opção absolutamente rentável e aceitável para resolver a situação".
Pouco depois, Yevgeny Prigozhin anunciava que a coluna dos seus combatentes, que estava a caminho de Moscovo, estava a dar meia volta e a regressar a casa.
Não se sabe o que foi negociado, nem as promessas feitas por Putin, Prigozhin ou Lukashenko. Segundo o porta-voz do Kremlin, como parte do acordo, o processo criminal aberto contra Prigozhin por organizar uma insurreição armada seria retirado, as tropas do Wagner não seriam acusadas e Prigozhin iria instalar-se na Bielorrússia.