A lutar com previsões eleitorais sombrias e dúvidas crescentes, o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, pediu aos eleitores céticos e ao seu próprio Partido Conservador que lhe deem um voto de confiança.
No seu primeiro - e talvez último - discurso como líder na conferência anual do Partido Conservador, antes das eleições marcadas para 2024, Sunak disse que não tem medo de fazer escolhas difíceis e tomar grandes decisões que proporcionarão “sucesso de longo prazo” em vez de “sucesso de curto prazo”.
Uma das grandes decisões anunciadas dividiu o partido e ameaça fazer descarrilar a sua agenda: desmantelar grande parte de uma ambiciosa linha ferroviária de alta velocidade que foi planeada para ligar Londres a Manchester, a High Speed 2 (HS2).
Sunak argumentou que os custos dobraram e “os factos mudaram”, mas alguns conservadores criticam a decisão e dizem que foi "uma má jogada – e tomá-la numa conferência em Manchester foi desastrosa". Há mesmo quem lhe chame "uma enorme gafe política".
A ameaçada ferrovia High Speed 2, outrora considerada o maior projeto de infraestrutura da Europa, pretendia reduzir o tempo de viagem e aumentar a capacidade entre Londres, a cidade de Birmingham, no centro da Inglaterra, e as cidades de Manchester e Leeds, no norte, com velocidades de 400 km/h e comboios de última geração.
Descrito como uma parte fundamental dos planos do governo para nivelar o país, através da redistribuição de empregos e investimentos do sul rico de Inglaterra para o norte mais pobre, o seu custo foi estimado em 33 mil milhões de libras em 2011, mas triplicou para mais de 100 mil milhões de libras ( 116 mil milhões de euros) segundo algumas estimativas.
O autarca de Manchester, Andy Burnham, membro do Partido Trabalhista, na oposição, disse que a decisão envia a mensagem de que “já não podemos fazer coisas grandes e difíceis", e que isso "não é bem acolhido na Grã-Bretanha”, acrescentando que a decisão não é justa para as pessoas de Manchester.
Rishi Sunak esforça-se para tentar persuadir o eleitorado britânico que um partido no poder há 13 anos merece outro mandato.
Nas últimas semanas, o primeiro-ministro anunciou medidas populistas – como a desaceleração dos movimentos para a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis – destinadas a reconquistar os eleitores que rejeitaram os conservadores devido à estagnação da economia britânica, à crise do custo de vida e às vagas de greves, incluindo a dos maquinistas de comboios, esta quarta-feira, que atrapalhou os planos de viagem de alguns participantes da conferência do Partido Conservador.