EUA fazem novo ataque contra instalações Houthi no Iémen

Para Farea al-Muslimi, investigador da Chatham House, os Houthis erguem a bandeira "morte à América" não apenas como um "slogan"
Para Farea al-Muslimi, investigador da Chatham House, os Houthis erguem a bandeira "morte à América" não apenas como um "slogan" Direitos de autor Vahid Salemi/AP
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De  Euronews com AP
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Secretário-geral das Nações Unidas adverte contra um alastramento do conflito no Mar Vermelho. Marinha dos EUA pede para evitar a região durante 72 horas.

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Os EUA atacaram uma instalação de radares pertencente aos rebeldes Houthi do Iémen, às primeiras horas deste sábado. As autoridades norte-americanas justificaram este novo ataque com a possibilidade de estas instalações colocarem em perigo os navios que passam no Mar Vermelho.

Esta nova ação segue-se a uma primeira onda de ataques, na noite de quinta para sexta-feira, em que o Reino Unido e os Estados Unidos bombardearam 60 alvos em 28 locais. A marinha norte-americana avisou os navios de pavilhão norte-americano que se mantivessem fora das proximidades do Iémen, no Mar Vermelho e no golfo de Aden durante 72 horas, com medo de represálias por parte dos Houthis.

Entretanto, o secretário-geral das Nações Unidas instou todas as partes a "não agravarem ainda mais a situação" no Mar Vermelho. O porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, sublinhou que, em primeiro lugar, os Houthis devem parar os seus ataques contra a navegação, de acordo com a recente resolução do Conselho de Segurança da ONU.

Alguns analistas do Médio Oriente acreditam, no entanto, que o envolvimento ocidental com a força não vai parar os Houthis, mas, pelo contrário, vai dar-lhes uma forte razão para continuarem, de acordo com a sua forte ideologia anti-ocidental. De acordo com Farea al-Muslimi, investigador da Chatham House, os Houthis erguem a bandeira "morte à América" não apenas como slogan, mas porque acreditam verdadeiramente nela.

"Finalmente, têm uma frente aberta com os Estados Unidos e, como resultado, não há um preço elevado neste confronto, mesmo que seja um jogo perdido. Para os Houthis, esta é a maçã de Newton que caiu e que concretizou muito da sua luta ideológica contra o que eles acreditam ser o grande demónio", diz o investigador.

Al-Muslimi afirma que qualquer conflito direto "Ocidente contra Houthis" é certamente um jogo perdido para o movimento iemenita mas, em última análise, as perdas serão maiores para a comunidade internacional, sob a forma de vastos recursos gastos na caça aos Houthis em todo o Iémen, enquanto o Mar Vermelho e o estreito de Bab al Mandab estão efetivamente bloqueados. Isto sem contar com a possibilidade de o conflito se alastrar a todo o Médio Oriente.

Os líderes houthis já sublinharam que os ataques dos EUA e do Reino Unido não ficarão sem resposta; por sua vez, os líderes ocidentais deixam absolutamente claro que não hesitarão em repetir. O Presidente dos EUA, Joe Biden, afirma que haverá mais retaliações contra os Houthis se o grupo continuar com o seu "comportamento ultrajante".

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