Pellegrini, aliado do primeiro-ministro Robert Fico, não deverá criar obstáculos à agenda do governo, que tem seguido uma linha contra a imigração e a União Europeia.
A vitória do social-democrata Peter Pellegrini nas eleições presidenciais deste fim de semana, na Eslováquia, reforça o governo de Robert Fico, considerado um eurocético e também com fortes narrativas pró-russas.
A partir de agora, presidente e primeiro-ministro estão do mesmo lado do espetro político.
"Peter Pellegrini fez a sua campanha com a ideia de que, se for eleito, o governo terá uma situação calma e tranquila", lembra Petr Just, cientista político.
"O seu partido é um dos principais atores da coligação e agora será o presidente da coligação sentado no gabinete presidencial, e muito provavelmente não prejudicará o governo nem colocará quaisquer obstáculos à agenda do executivo", explica Just.
O governo de Robert Fico tomou posse em outubro passado, após uma forte retórica contra a imigração e a União Europeia (UE).
Nas eleições presidenciais de sábado, Pellegrini derrotou o diplomata pró-ocidental, Ivan Korcok, que prometeu laços mais fortes com os parceiros da UE. Pellegrini fez campanha com base na premissa de recuperar a soberania da Eslováquia.
Pellegrini também acusou o seu opositor de querer arrastar o país para a guerra ao apoiar a presença militar da UE em Kiev. Um dos principais temas da campanha foi precisamente o conflito na Ucrânia.
Com Pellegrini a presidente, a posição da Eslováquia relativamente à ajuda militar pode dificultar os esforços de assistência da UE a Kiev. Mas, de acordo com o analista, o seu perfil político como presidente ainda está por definir.
"Durante o seu discurso de ontem à noite, ainda se expressou como sendo pró-europeu e pró-NATO, mas disse que é preciso proteger os interesses da Eslováquia.", assinala Petr Just. "Portanto, (ele) continua a desempenhar este papel de duas faces ou de duas caras. Veremos como é que ele se vai comportar quando for presidente".
O presidente da Eslováquia, república parlamentar, tem um papel sobretudo simbólico. Ainda assim, o presidente ratifica tratados internacionais, nomeia juízes, é comandante das Forças Armadas e pode vetar as leis aprovadas pelo parlamento ou submetê-las ao Tribunal Constitucional.