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Será que a escolha de JD Vance é sinónimo de problemas para a Europa?

O candidato republicano à vice-presidência, Vance, assiste ao primeiro dia da Convenção Nacional Republicana na segunda-feira
O candidato republicano à vice-presidência, Vance, assiste ao primeiro dia da Convenção Nacional Republicana na segunda-feira Direitos de autor Evan Vucci/The AP
Direitos de autor Evan Vucci/The AP
De  Saskia O'Donoghue com AP
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Artigo publicado originalmente em inglês

JD Vance é relativamente desconhecido na política norte-americana, mas tem falado abertamente sobre a Ucrânia e tem-se oposto veementemente a continuar a apoiar o país devastado pela guerra.

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O antigo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, escolheu na segunda-feira o senador do Ohio, JD Vance, como seu companheiro de candidatura, numa altura em que procura regressar à Casa Branca.

Apesar de ser relativamente desconhecido no plano político - já que é senador desde o ano passado - o republicano de 39 anos já levantou suspeitas com as suas opiniões conservadoras que tendem para o extremismo.

Vance passou de um dos mais ferozes críticos de Trump a candidato no mesmo escrutínio, a sua retórica contra a ajuda à Ucrânia e o seu impulso para a proibição do aborto em todo o país indicam que, ao contrário do antigo vice-presidente Mike Pence, Vance pertence a uma estirpe mais populista da política republicana dos EUA.

De "anti- Trump" a aliado feroz

Vance nasceu e cresceu em Middletown, Ohio. Alistou-se nos Marines, o Corpo de Fuzileiros dos Estados Unidos, e serviu no Iraque. Mais tarde, licenciou-se na Universidade Estatal de Ohio e na Faculdade de Direito de Yale. Também trabalhou como capitalista de risco em Silicon Valley, na Califórnia.

Vance ganhou fama com o seu livro de memórias, o bestseller de 2016 "Hillbilly Elegy", publicado quando Trump se candidatava à presidência.

"Hillbilly Elegy" também apresentou Vance à família Trump. Donald Trump Jr. adorou o livro - os dois tornaram-se amigos desde então.

Apoiantes seguram um cartaz com a inscrição "Vance" escrita à pressa quando Vance chega à sala durante o primeiro dia da Convenção Nacional Republicana de 2024
Apoiantes seguram um cartaz com a inscrição "Vance" escrita à pressa quando Vance chega à sala durante o primeiro dia da Convenção Nacional Republicana de 2024Carolyn Kaster/The AP

Em 2016, Vance considerou Trump "perigoso" e "inapto" para o cargo. Também criticou a retórica aparentemente racista de Trump, chegando a afirmar que ele poderia ser "o Hitler da América". Em 2021, encontrou-se com o ex presidente dos EUA e mudou de opinião.

Uma vez eleito, Vance é um "aliado de peso" de Trump, defendendo incessantemente as políticas e o comportamento de Trump.

Kevin Roberts, Presidente da Heritage Foundation, considera que Vance é uma das principais vozes do movimento conservador em matérias fundamentais, como, por exemplo, o afastamento da política externa intervencionista, da livre economia de mercado e da "cultura americana em geral".

Os democratas apelidam-no extremista, citando as opiniões provocatórias que Vance assumiu e que, por vezes, alterou posteriormente.

Durante a sua candidatura ao Senado, por exemplo, Vance manifestou apoio à proibição nacional do aborto até às 15 semanas. Contudo, suavizou essa posição quando os eleitores do Ohio apoiaram, por esmagadora maioria, uma emenda de 2023 sobre o direito ao aborto.

Charlie Kirk, fundador do grupo ativista conservador Turning Point USA, considera que Vance articula de forma convincente a visão de mundo da "America First" e pode ajudar Trump a ganhar votos em estados em que ele perdeu, por pouco, em 2020, como Michigan e Wisconsin, que compartilham os valores, a demografia e a economia de Ohio.

O que significa a escolha de Vance para Europa?

Grande parte da Europa já está preocupada com uma possível segunda presidência de Trump, e com as implicações que isto poderá trazer à política externa dos EUA.

A escolha de Vance como n.º2 de Tump trouxe ainda mais preocupação.

Vance é conhecido como um dos "membros mais isolacionistas" do Partido Republicano, o que significa que pretende colocar os EUA em primeiro lugar, em detrimento de outras nações. Isso inclui a Ucrânia.

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No início de 2024, teve um papel fundamental para tentar eliminar um projeto de lei de ajuda à Ucrânia. Quando o projeto falhou, reiterou a sua posição, dizendo: "Conseguimos deixar bem claro à Europa e ao resto do mundo que a América não pode passar cheques em branco indefinidamente".

São também conhecidas as suas críticas ao que considerava ser a excessiva dependência da Europa, relativamente aos EUA, no que respeita o investimento militar.

Em fevereiro, Vance falou ao Politico sobre as razões pelas quais os EUA deveriam limitar a ajuda à Ucrânia.

"Simplesmente não temos capacidade de produção para suportar uma guerra terrestre na Europa de Leste indefinidamente. E, penso que cabe aos líderes articular isto com as suas populações", disse: "Quanto tempo se espera que isto dure? Quanto é que se espera que custe? E, mais importante, como vamos produzir as armas necessárias para apoiar os ucranianos?"

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Estas palavras foram proferidas na Conferência Anual de Segurança de Munique, onde Vance faltou a uma reunião entre o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy e o Ministro dos Negócios Estrangeiros Dmytro Kuleba, dizendo: "Achei que não ia aprender nada de novo".

Em abril, no Senado, criticou a NATO e a Europa por gastarem "muito pouco" na defesa.

"Durante três anos, os europeus disseram-nos que Vladimir Putin é uma ameaça existencial para a Europa. E durante três anos, não conseguiram responder como se isso fosse verdade", afirmou, acrescentando que a Alemanha não gastou 2% do seu PIB na defesa - o montante que os membros da NATO acordaram como objetivo comum.

A escolha de Vance acontece numa altura em que a UE procura recuperar relações comerciais entre Bruxelas e Washington.

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Durante a sua presidência, Trump aplicou impostos pesados às importações europeias de aço e alumínio.

É provável que Vance apoie esta medida, bem como a promessa de Trump de proteger a indústria norte-americana, caso seja reeleito em novembro.

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