"A Vanguarda na Geórgia", no Bozar, é um dos principais destaques do festival de artes Europalia deste outono, em Bruxelas. Até meados de janeiro de 2024, os visitantes podem também desfrutar de um programa de concertos, cinema, dança e teatro em várias instituições culturais na Bélgica.
A exposição "A Vanguarda na Geórgia" centra-se nas três primeiras décadas do século XX, altura em que a cena artística floresceu na Geórgia, e está patente no Bozar, instituição cultural belga que dinamiza o Festival Europalia.
Este período inclui um interlúdio de três anos de independência (1918-1921), entre a queda do império russo e a invasão do regime soviético.
"Foi muito importante para a vanguarda georgiana não só estudar arte e criar instituições para investigar arte, mas também utilizar esse conhecimento como um método nas suas práticas vanguardistas. Por isso, esta ligação entre o passado, o futuro e as tradições faz com que a vanguarda georgiana seja também muito excecional", explicou Irine Jorjadze, uma das curadoras de exposição vindas da Geórgia, em entrevista à euronews.
A mistura de elementos orientais e ocidentais é também evidente, revelando correntes como o dadaísmo e o cubismo. A Euronews falou com Levan Chogoshvili, que criou a obra que abre a exposição, sobre "misturas" e "cruzamentos".
"Esta exposição também é muito boa porque mostra que a nossa arte está muito próxima da arte europeia. Atualmente, muitos jovens artistas georgianos tentam ir para algum lugar no Ocidente, estudar lá e regressar", referiu o artista plástico.
Polifonia e memória em variadas formas de expressão
Até meados de janeiro de 2024, os visitantes podem também desfrutar de um programa de concertos, cinema, dança e teatro em várias instituições culturais na Bélgica.
A polifonia é um dos temas centrais do festival, tanto na música como na oportunidade para as diversas comunidades exprimirem os seus pontos de vista. O segundo tema é a memória.
"A memória trata de questionar o passado e também de refletir sobre o futuro. Como é que se lida com um determinado passado, com o regime soviético que ainda hoje tem impacto? É também uma questão de conflitos do passado e dos que ainda hoje se verificam na Geórgia, como na Ossétia do Sul e na Abcásia, e também, claro, a guerra ucraniana que tem impacto na Geórgia", referiu Dirk Vermaelen, diretor artístico do Europalia, em declarações à euronews.
Uma parte importante do programa é o resultado de parcerias criativas entre georgianos e artistas de outras nacionalidades, com a encomenda de obras específicas para o festival.