Soltar gases pode passar a ser menos poluente com dieta de narcisos

As emissões de gases poluentes pelas vacas podem ser reduzidas com uma flor amarela
As emissões de gases poluentes pelas vacas podem ser reduzidas com uma flor amarela Direitos de autor AP Photo/KEYSTONE/Arno Balzarini/Arquivo
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De  Francisco MarquesLuke Hanrahan
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Estudo de quatro anos em curso no País de Gales sugere uma redução de 30% na libertação pelo gado ruminante de gases com efeito de estufa

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Uma experiência em curso nas chamadas Montanhas Negras do País de Gales pode vir a revolucionar a luta contra o aquecimento global no setor da criação de gado.

Naquela região, a grande altitude, plantações de narcisos selvagens estão a contribuir para desenvolver um medicamento de combate ao Alzheimer, mas podem vir a ajudar também a reduzir as emissões de metano pelo gado.

Os gases gerados pela digestão libertados pelos animais são tidos como responsáveis por 14% do efeito de estufa que tem vindo a aquecer o planeta.

A experiência em curso tem sugerido que os animas alimentados com extrato dos narcisos selvagens desenvolvidos naqueles pastos galeses libertam gases com muito menos metano.

A expetativa é que se possa vir reduzir em 30% as emissões de metano pelos animais de quinta. O desafio tem sido conseguir uma produção consistente destas flores amarelas no topo das montanhas.

"Quando tentámos plantar narcisos selvagens aqui, todas as práticas tradicionais na produção de narcisos falharam. No final, tivemos de deitar for o livro das regras e reinventar completamente o processo de trás para a frente", afirmou Kevin Stephens, dono da Agroceutical e produtor de narcisos selvagens há 14 anos.

O correspondente da Euronews Luke Hanrahan visitou a plantação destes "narcisos selvagens, endémicos do País de Gales", de onde se têm extraído compostos utilizados no abrandamento da doença de Alzheimer e da demência vascular.

"É a flor nacional do país, mas o último local onde podíamos esperar plantá-lo era nas Montanhas Negras. A razão, embora desafiante, é porque estas condições são as perfeitas para produzir a galantamina, o composto essencial para reduzir o metano", explica-nos o jornalista.

Kevin Stephens acrescenta ter-se tornado "rapidamente evidente que os narcisos selvagens estáo cheios de compostos bioativos muito poderosos" e por isso havia que aumentar a produção e o estudo dos benefícios.

Além da redução das emissões de metano, os cientistas esperam que o extrato de narciso selvagem possa ajudar os animas a terem também um sistema digestivo mais eficiente.

"Esperamos descobrir ainda uma melhoria no uso de proteínas, o que significa começar a estudar também a dieta dos animais e talvez reduzir a proteína que estão a ingerir porque eles podem receber mais pela alimentação que estão a receber. Essa é outra promissora vantagem deste aditivo", revela Alison Bond, da Rumenco, uma empresa britânica especializada em ração para ruminantes.

O governo britânico está financiar este ensaio previsto para durar quatro anos. Se for bem sucedido, o projeto pode vir a ter um grade impacto.

"É uma perspetiva incrível a que temos agora pela frente. O potencial que tem para mudar o mundo a vários níveis é incrivelmente excitante e assustador", defende Kevin Stephens.

O produtor de narcisos selvagens está convencido que este projeto pode vir a alterar as estratégias de muitos governos por todo o mundo que passam para taxar os criadores de gado ou impor quotas de animais para tentar assegurar o cumprimento do objetivo das "emissões zero". "Isto dá-nos a oportunidade de mudar essa história", disse Stephens também ao "Semanário dos Agricultores", um portal britânico.

Apesar de não ser a solução para travar as alterações climáticas, se tiver êxito, este projeto tem pelo menos potencial para reduzir as emissões de gases de estufa induzidas pelo homem e ajudar a abrandar o aquecimento global.

Outras fontes • Farmers Weekly

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