Metsola pressionada a intervir na polémica dos motores de combustão na UE

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De  Jorge Liboreiro  & Isabel Marques da Silva
A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola
A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola   -  Direitos de autor  European Union, 2023.

A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, vai escrever uma carta ao Conselho Europeu (que reúne os líderes dos 27 governos da União Europeia (UE)) para tentar desbloquear a legislação sobre a proibição de venda de novos automóveis com motores de combustão, a partir de 2035, na UE.

Metsola foi pressionada por três grupos políticos do Parlamento Europeu - liberais, socialistas e verdes - a intervir no caso que opõe alguns governos, sobretudo o da Alemanha, à Comissão Europeia.

A legislação tinha sido fechada com o acordo do Parlamento Europeu e de todos os 27 países, até que o governo alemão impediu uma votação final para exigir que a Comissão Europeia crie claúsulas de exceção para os motores que usam combustíveis sintéticos.

"Este debate não é técnico. É uma questão de princípio: tanto institucional como política. O Parlamento Europeu precisa de usar os seus músculos. O Conselho Europeu criou esta confusão, precisa de a resolver. Trata-se da credibilidade e do interesse geral da UE", disse Stéphane Séjourné, líder do grupo Renovar a Europa (liberal) do Parlamento Europeu.

A iniciativa não agrada, contudo, à ala mais à direita, isto é, o Partido Popular Europeu e os Reformistas e Conservadores.

O caso dos combustíveis sintéticos

Os defensores dos combustíveis sintéticos dizem que estes podem ser considerados neutros para o ambiente se o hidrogénio utilizado na sua produção tiver sido obtido a partir de fontes de energia renovável e se o dióxido de carbono emitido nessa produção for capturado na atmsofera.

Também argumentam que podem ser usados pelos atuais motores de combustão, deixando de lado a gasolina e gasólio (produtos refinados do petróleo), ajudando à transição que se pretende fazer.

Mas os detratores dizem que os combustíveis sintéticos são ineficientes em termos energéticos e libertam emissões poluentes quando são queimados.

Os críticos também dizem que os combustíveis sintéticos devem sere usados apenas no transporte marítimo e aéreo, onde ainda não existe uma alternativa de baixas emissões de dióxido de carbono em grande escala. Já para o transporte rodoviário não há essa necessidade, porque os veículos elétricos já estão disponíveis no mercado.

"A eliminação gradual dos motores de combustão é absolutamente necessária para alinhar o setor do transporte rodoviário europeu com os objetivos climáticos da Europa", defenderam nove organizações não-governamentais ambientalistas numa carta enviada ao chanceler alemão, Olaf Scholz.

"Em causa não está apenas a lei mais importante para combater as emissões poluentes dos transportes rodoviários, mas a credibilidade das normas democráticas e legislativas da UE", acrescentaram os signatários.