Um português poderá voltar a ocupar um dos cargos de topo nas instituições da União Europeia (UE), tema em debate num jantar informal dos chefes de Estado e de governo, segunda-feira, em Bruxelas.
O Partido Popular Europeu, de centro-direita, ganhou as eleições europeias, pelo que Ursula von der Leyen tem boas hipóteses de ser reeleita como presidente da Comissão Europeia.
As críticas feitas por alguns líderes à posição da política alemã sobre a guerra de Israel em Gaza e um certo recuo nas questões ambientais não parecem suficientes para a afastar.
"Penso que Ursula fez um ótimo trabalho. Os líderes vão reunir-se e penso que precisamos de uma decisão rápida, por causa do que está acontecer no mundo, precisamos de uma liderança forte da União Europeia", disse Mette Frederiksen, primeira-ministra da Dinamarca (Partido Socialista Europeu), aos jornalistas, quando chegou para a reunião.
Os socialistas ficaram em segundo lugar e querem a presidência do Conselho Europeu. O ex-primeiro-ministro António Costa poderá ser escolhido, pondo mais um português num cargo de topo em Bruxelas, depois de Durão Barroso ter ocupado a presidência da Comissão Europeia, entre 2004 e 2014.
O primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, explicou que PSD e PS sempre tiveram muito alinhados sobre a política comunitária e que o seu antecessor, António Costa, tem um perfil adequado.
"É bom que se possa compreender que a minha posição pessoal e a posição do governo português não é iminentemente uma posição da nacionalidade, embora isso seja importante, não vamos escondê-lo", disse à chegada para a reunião.
"Mas é, naturalmente, as garantias que nós pretendemos que o coordenador das reuniões do Conselho Europeu posssa dar para, nos próximos anos, podermos ter pontes entre as várias famílias políticas e entre os vários Estados-membros, e os respetivos governos, para caminharnos em frente numa Europa que se quer de paz, unida em defesa da Ucrânia, a perspetivar o alargamento, a dar passos relevantes do ponto de vista da competitividade económica", acrescentou Montenegro.
Diplomacia e Parlamento Europeu
Para chefe da diplomacia da UE poderá ser escolhida a primeira-ministra da Estónia, a liberal Kaja Kallas, habitualmente defensora de maior intervencionismo na guerra na Ucrânia.
“Precisamos de ter muito cuidado com quem vai representar a União Europeia e a Comissão a nível internacional. E temos que debater por forma a não criar ainda mais tensão do que a que já existe", explicou Peter Pellegrini, presidente da Eslováquia (Partido Socialista Europeu).
O acordo entre os 27 líderes poderá ser alcançado com alguma facilidade, pois parece haver um consenso no que respeita aos necessários equilíbrios geográfico, de género e político.
“Tenho certeza que será rápido e rápido. Todas as discussões que tive, nas últimas semanas e meses, tiveram como objetivo encontrar rapidamente uma solução construtiva”, afirmou Olaf Scholz, chanceler alemão (Partido Socialista Europeu).
Quanto à presidência do Parlamento Europeu, cujo candidato é votado pelos eurodeputados, a maltesa de centro-direita, Roberta Metsola, deverá conseguir um segundo mandato de 2,5 anos; tendo de ser feita nova votação para a segunda parte do mandato.