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Expansão da direita radical nos governos europeus poderá moldar decisões na União

O novo governo holandês posa com o rei holandês Willem-Alexander
O novo governo holandês posa com o rei holandês Willem-Alexander Direitos de autor Peter Dejong/Copyright 2024 The AP. All rights reserved
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De  Isabel Marques da Silva
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A direita radical continua a expandir o seu poder na UE, como mostram o novo governo dos Países Baixos, que tomou posse esta terça-feira, e os resultados da primeira ronda das eleições em França. Esta expansão poderá ter impacto na forma como se vão tomar decisões nas instituições em Bruxelas.

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Os governos nos Estados-membros que têm no seu interior forças políticas da direita radical e eurocéticas poderão escolher um de dois caminhos para exercer a sua influência no futuro da União Europeia, segundo Dave Sinardet, cientista político da Universidade Livre de Bruxelas, entrevistado pela Euronews.

"Por um lado, poderiam esvaziar as políticas europeias a partir de dentro. Por outro lado, esses líderes da extrema-direita poderão começar a compreender que também precisam que a União Europeia seja capaz de cumprir uma série de promessas que fizeram ao seu eleitorado nacional, especialmente em termos de segurança e imigração", disse o cientista.

Dar a Dick Schoof, ex-chefe da agência de serviços secretos, a chefia de governo, foi a solução encontrada para ter operacional, esta terça-feira, um novo executivo nos Países Baixos após a vitória do Partido para a Liberdade, de extrema-direita, liderado por Geert Wilders, nas eleições há sete meses.

O acordo formal que cria a nova coligação, intitulado “Esperança, coragem e orgulho”, introduz medidas rigorosas para os requerentes de asilo, elimina o reagrupamento familiar dos refugiados e procura reduzir o número de estudantes internacionais que estudam no país.

Um poscionamento que terá impacto na forma como será implementado o Pacto de Migração e Asilo da UE neste país e que poderá ser referência para outros Estados-membros críticos do pacto, recentemente aprovado.

"No caso das políticas de migração, vimos posições tomadas pelo Partido Popular Europeu (centro-dieita) que são cada vez mais radicais. E quanto ao Pacto Ecológico, pressionou-se o botão de pausa há alguns meses, antes das eleições europeias. Portanto, o sucesso da extrema-direita já é algo que está a ser traduzido nas políticas europeias de diferentes maneiras", explicou o cientista político.

A França a seguir?

Além dos Países Baixos, a extrema-direita integrou governos de coligação em Itália, Finlândia, Chéquia e Croácia. A Hungria é o único Estado-membro com um partido de direita radical com maioria no poder. A França pode ser a próxima a entrar na tendência face aos resultados das eleições legislativas antecipadas de 30 de junho.

Os líderes de governos de extrema direita podem obstruir o funcionamento da UE, mas esses líderes não estão, necessariamente, alinhados em relação a todas as questões, em particular quando se trata de política internacional e, por exemplo, da guerra na Ucrânia.
Dave Sinardet
Cientista Político, Universidade Livre de Bruxelas

Se a segunda volta, em 7 de julho, confirmar a vitória da União Nacional, o presidente centrista Emmanuel Macron ficará mais isolado. Macron controlaria menos políticas internas, tais como as referentes à economia e à justiça, por exemplo, e teria menos influência no Conselho Europeu, que reúne os líderes dos 27 países da UE.

"O que é claro é que o presidente francês, Emmanuel Macron, está muito enfraquecido pelos atuais resultados eleitorais e isso, provavelmente, não mudará no próximo domingo", afirma Dave Sinardet.

"Ele será, facto, um presidente enfraquecido à volta da mesa europeia, o que pode também ter impacto no eixo franco-alemão, que historicamente, e ainda hoje, é uma das principais forças motrizes da política europeia", acrescentou.

Um dossiê político não pode ser aprovado quando quatro Estados-membros, que representam 35% da população da UE, se abstêm ou votam contra.

Além da migração e do Pacto Ecológico, algumas das áreas que poderão ser mais afetadas são a gestão da guerra na Ucrânia e o apoio aos países candidatos à adesão à UE. Mas nesses tópicos, a falta de pontos de vista comuns poderá ser uma dificudade para mudar o curso de ação.

"Os líderes de governos de extrema direita podem obstruir o funcionamento da UE, mas esses líderes não estão, necessariamente, alinhados em relação a todas as questões, em particular quando se trata de política internacional e, por exemplo, da guerra na Ucrânia. Portanto, não está claro se conseguirão sempre encontrar um compromisso entre si", refere o professor universitário.

Por outro lado, alguns líderes de extrema-direita até têm uma reputação de serem bastante construtivos na UE, como é o caso da primeira-ministra de Itália, Giorgia Meloni.

A atual presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, costuma relaçar que esta é pró-europeia, pró-Estado de direito e pró-Ucrânia, e que pode ter um papel essencial nas políticas europeias nos próximos cinco anos.

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