As 45 pessoas foram acusadas à revelia pelo alegado envolvimento no tiroteio de 2023 que fez quatro mortos perto da aldeia de Banjska, no norte do Kosovo.
Procuradores do Kosovo avançaram na quarta-feira com acusações contra 45 pessoas por terem planeado e instigado um tiroteio levado a cabo por atiradores sérvios fortemente armados no ano passado.
Um polícia do Kosovo e três homens armados sérvios foram mortos no tiroteio na aldeia de Banjska, no norte do país, em setembro passado. Pristina acusou a Sérvia de envolvimento, mas Belgrado negou.
Entre os acusados à revelia está Milan Radoičić, um político e empresário abastado com ligações ao partido populista no poder na Sérvia e ao presidente Aleksandar Vučić.
Segundo o procurador Naim Abazi, Radoičić é considerado o líder do grupo e “desempenhou um papel importante na coordenação e na atividade criminosa”.
No ano passado, a Sérvia deteve por pouco tempo Radoičić, depois de este ter fugido para a Sérvia, por suspeitas de conspiração criminosa, posse ilegal de armas e explosivos e atos graves contra a segurança pública. Radoičić negou as acusações, embora tenha admitido anteriormente que fazia parte do grupo paramilitar envolvido no tiroteio.
Radoičić também tem estado sob sanções dos EUA e do Reino Unido pela sua alegada atividade financeira criminosa. A Sérvia afirmou que Radoičić e o seu grupo agiram por conta própria.
O caso "mais complexo de sempre"
As 45 pessoas são acusadas de violação da ordem constitucional e legal, atividades terroristas, financiamento do terrorismo e branqueamento de capitais. A pena máxima prevista é de prisão perpétua.
Abazi considerou o caso como o “mais complexo de sempre”, acrescentando que cooperaram estreitamente com as instituições internacionais, Bruxelas e Washington para elaborar as “poderosas acusações”.
Altos responsáveis da UE e dos EUA exigiram que a Sérvia levasse os autores do crime à justiça.
Bruxelas e Washington estão a pressionar ambas as partes para que implementem os acordos que Vučić e o primeiro-ministro do Kosovo, Albin Kurti, alcançaram em fevereiro e março do ano passado.
Estes acordos incluem o compromisso do Kosovo de criar uma Comunidade de Municípios Sérvios, uma união de municípios de maioria sérvia.
O Kosovo era uma província sérvia até que a campanha de bombardeamento de 78 dias da NATO, em 1999, pôs fim a um conflito entre as forças governamentais de Belgrado e os separatistas de etnia albanesa no Kosovo, que causou cerca de 13.000 mortos - principalmente de etnia albanesa.
Depois de se ter tornado um protetorado da ONU, o Kosovo proclamou a independência em 2008, um ato reconhecido pela maioria dos Estados-Membros da UE, pelos EUA e pelo Reino Unido, mas não pela Sérvia.